13 de junho de 2019

Serra Preta: chegou o fim da alvorada de Santo Antonio?

“Manter o diálogo é a melhor forma de resolvermos a situação"
Alvorada 2019 praticamente não existiu. Foto: Paulo Cajé
Todos os anos, a Alvorada de Santo Antonio no distrito do Bravo, município de Serra Preta, 170 km de Salvador, atraia milhares de pessoas pelas ruas da cidade. Moradores e visitantes - religiosos ou não - acompanham o evento, animado por uma charanga, fogos e muita festa. É um verdadeiro ensaio das festas juninas do município.

A Alvorada é um dos maiores eventos populares de Serra Preta conduzido pela Igreja Católica. O sincretismo é o grande legado. A alvorada começa na madrugada do dia 13 e vai até às 9h horas, encerrando o Trezenário de Santo Antonio, padroeiro do distrito de Bravo, principal centro comercial e urbano do município.

Mais de 1500 pessoas acompanharam a Alvorada de Santo Antonio em 2017
Foto: Alex Matos
Mas este ano, a Alvorada praticamente se apequenou. Não se sabe ao certo quem são as forças religiosas e políticas que pretendem acabar com o modelo da Alvorada de anos, porém, há uma articulação direcionada para que o fim da tradição aconteça, o que é lamentável. No dia 16 de maio deste ano, um grupo de whatsapp, intitulada “Queremos a Alvorada” foi criado com o objetivo de lutar pela tradicional Alvorada. “Manter o diálogo é a melhor forma de resolvermos a situação. A Alvorada é nossa, é nossa tradição”, escreveram os organizadores do grupo.

Parece que o diálogo não foi suficiente. Segundo Paulo Cajé, que acompanhou a Alvorada 2019, poucas pessoas marcaram presença. Tradicionalmente, as alvoradas eram prestigiadas por quase 2 mil pessoas. Este ano, menos de 100 pessoas foram prestigiar o ‘novo’ modelo. A Alvorada de 2019 não teve a charanga e a animação dos anos anteriores. Para Alex Matos, que já participou como um dos organizadores do Trezenário de Santo Antonio, a postura deste ano é equivocada. Para Matos, a “Igreja é povo e Cristo é alegria”.

Igreja antes da reforma, que acabou com a originalidade
Seguidor fiel da Igreja há muitos anos, Luciano Cruz também não concordou com o esvaziamento da Alvorada. Sem citar nomes, o fiel disse que “infelizmente existem os que defendem a igreja parede”. Cruz disse que a ausência da fanfarra no evento ocorreu por “falta de garantias para viabilizar” a presença dos músicos e a má vontade de alguns na própria igreja”. Para Lucas Leite, fiel assíduo, a Alvorada “perdeu o sentido” e concorda com o fim do modelo tradicional. Para Leite, a igreja não é obrigada a realizar um evento em que a bebida reina”. “Não é digno para a imagem da Igreja promover um evento deste porte”.

Oficialmente, não foi publicada nenhuma nota sobre o tema até o fechamento da matéria. A Igreja Católica de Serra Preta é marcada por conflitos internos muito forte, às vezes velados. Recentemente, o Padre Gilmar foi deslocado da direção do Clero sem grandes explicações públicas. No campo da tradição, a Igreja do Bravo foi praticamente reconstruída, ignorando sua arquitetura de origem. A Alvorada do Bravo é um evento que extrapola a vontade de determinada corrente religiosa. Infelizmente, este ano, praticamente não existiu o evento, mas vamos torcer para que o entendimento aconteça e a nossa Alvorada retorne com força total.

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