10 de julho de 2018

FESTAS JUNINAS: Serra Preta tem um dos maiores calendários festivos do Nordeste

Guerra de Espada no distrito de Bravo
Foto: Ricardo Sena
Julho é o mês da saudade dos festejos juninos. Talvez, junho seja o mês mais singular para o nordeste. É o mês da colheita, do recesso escolar e das festas juninas. Famílias que moram fora do nordeste combinam se encontrar em suas respectivas cidades de origem em junho.  
É certo que a tradição dos festejos juninos tem sofrido com a concorrência das festas comerciais, geralmente promovidas pelo poder público. A fogueira, os fogos, as comidas típicas, o bom forró e as danças típicas são as mais atingidas pela força da grana que ergue e destrói coisas belas, como eternizou Caetano Veloso.
Deixo minha alfinetada, mas não escrevo aqui para reclama. A ideia é chamar a atenção para um fenômeno festivo, que acontecem todos os anos, mas ainda não recebeu o reconhecimento necessário, divulgação, nem uma catalogação oficial da riqueza cultural que dura mais de um mês no município de Serra Preta, 160 km de Salvador.
Trata-se dos festejos juninas, que vai além do dia 23 e 24 de junho como muitos municípios nordestinos realizam. Os eventos juninos do município de Serra Preta são compostos pela Festa de Santo Antonio (distrito de Bravo), São João (distrito de Ponto e Bravo) e São Pedro (Sede do município). São mais de um mês de preparativos e festas. Este ano, começou na noite de 31 de maio com a festa de São Antonio e só terminou no dia 01 de julho com a Festa de São Pedro.


Claro que estou considerando as datas oficiais. Mas se for analisar bem, entre os eventos considerados profanos e religiosos, há de se pensar num calendário ainda maior. Antes mesmo, é possível encontrar um arraiá pelo interior do município, forrós de rua e festas de despedidas.
Julho e Agosto ainda são os meses dos recentes "Bye, Bye São João", verdadeiros arraiás com muita música, apresentação de quadrilha e bebidas típicas. Parece que o candeeiro não se apaga nunca, nem o sanfoneiro cochila em Serra Preta. É uma explosão de festas esparsas, que totaliza um calendário de eventos de deixar Caruaru, capital do forró, para trás.
Festas plurais e singulares
A festa de Santo Antonio, que acontece no distrito de Bravo (maior centro urbano e comercial do município), é basicamente promovida pela Igreja Católica. São 13 dias de eventos, que envolvem missas temáticas todas as noites, com destaque para o Dia dos Motoristas, a Alvorada e o Leilão de Santo Antonio. Na década de 80, o Trezenário de Santo Antonio era encerrado com apresentações de trios elétricos, mas foram retirados a pedido da igreja.



Com o encerramento da festa de Santo Antonio, as ruas dos distritos de Bravo e do Ponto começam a ser enfeitadas com bandeirolas, balões coloridos e outros adereços. São os preparativos para o São João. Dia 23 e 24 a prefeitura promove festas com artistas locais e regionais em palcos fixos na praça, reunindo centenas de pessoas em busca de prazer, diversão e confraternização familiar.
O São João mais vibrante acontece atualmente no distrito de Bravo. Quase todas as ruas os moradores fazem fogueiras na frente da residência. A fogueira de Nena de Marinho é
Rei e Rainha na festa de São Pedro
Foto: facebook da Prefeitura de Serra Preta 
reconhecida como uma das maiores e queima durante a noite toda. No dia 23 acontece a tradicional "guerra de espada" e por volta de 22 horas se inicia os shows públicos, que se estendem até o dia 24, com cerca de 5 mil pessoas no Arraiá. Mas não fica por aí. As ruas do Norte, Nova Descoberta e Baixada realizam os forrós de rua bastante animados e outras ruas se reúnem para realizar o casamento da roça.
O distrito de Ponto também realiza seu tradicional São João. O poder público patrocina shows na praça e há queima de fogos. Durante o dia, a comunidade organiza diversos eventos tradicionais. Já é o segundo ano que o distrito antecipa o São João com a "Tenda do Forró". Além dos distritos de Bravo e Ponto, diversos arraiás acontecem por outras comunidades do município com apresentação de quadrilha e muito forró.
A festa junina de Serra Preta se encerra com chave de ouro na sede do município. É a festa de São Pedro. Na noite de São Pedro a cidade recebe um excelente público para prestigiar os shows promovidos pelo poder público. No dia seguinte, tem o chamado "Licor do Jegue" A festa que já é tradição na cidade, comemorou a 18ª edição. É um evento plural, mas o carro-chefe é um bloco com rei e rainha que sai desfilando pelas calçadas históricas da cidade, atraindo uma multidão de pessoas ao som de animadas bandas de sopro.

Oficialmente, o São Pedro encerra os festejos juninos. Porém, em Serra Preta a saudade fica apenas para os conterrâneos que precisam viajar. A alma de muitos ainda são lavadas com a sobra do licor nos "Bye, Bye São João". São eventos recém-criados, mas que ganharam espaço no calendário difuso de eventos do município.
Essa jornada festiva ainda não é conhecida pelos baianos. Talvez seja um record nordestino, porém, não só alegra mais incômodo também. A festa junina de Serra Preta só faz crescer. A cada ano, novo povoado colabora com uma festa nova. Há quem ache que a festa junina está ficando insustentável financeiramente, principalmente para o poder público - principal patrocinador. Mas, acredito que seja um caminho sem volta e cabe a inteligência popular buscar suas próprias saídas para manter suas tradições vivas e vibrantes. Para quem gosta e tem energia de sobra para se divertir, fica a dica. Ano que vem tem mais!  

Festa de 2017, confira.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe do blog deixando sua mensagem, nome e localidade de onde escreve. Agradecemos.