6 de janeiro de 2012

Serra Preta precisa mudar sua mentalidade ecológica

Divisa de Serra Preta-Anguera: nascente do Rio Cavaco devastada
Em um século: pastagem substituiu a vegetação nativa
O corte das árvores na zona urbana do distrito de Bravo trouxe à tona a questão ecológica em Serra Preta. O município possui vegetação nativa de caatinga e resto de mata atlântica na parte leste.

Serra Preta foi um dos municípios baianos que mais sofreu devastação de sua vegetação nativa. Atualmente, o município é quase em sua totalidade voltado para criação de gado em pasto aberto. Pouco se segue a Lei florestal por aqui. Tem até mesmo fazenda que surgiu fruto de uma grande queimada, Fazenda Queimada Grande, que o proprietário, certamente, se orgulha do nome.

Serra Preta que ganhou este belo nome por causa das florestas que sombreavam a cidade, hoje é uma “Serra pelada”. A tradicional festa da “Capina do Monte”, realizada na Sede, demonstra o tapete verde que predominava no município. Diante do matagal, suponho que o sacrifício no passado para alcançar o cume  do monte foi um dos fatores da origem da festa. A festa continua mágica até hoje. Mas talvez, precisássemos atualmente de uma festa também grandiosa que homenageasse o plantio do monte ou campos. Já pensou a prefeitura investindo em atividade desse tipo?

Como o passado demora um pouco de se esgotar da memória coletiva dos seres humanos, talvez uma explicação para um gestor ou mesmo a comunidade achar normal destruir sua vegetação esteja em sua história econômica devastadora voltada para atividade pastoril. Mas neste momento se faz necessário alguém alertar que estamos sem floresta abundante! Acabou o excesso de mata nativa, não é possível mais devastar. Acordem, estamos em 2012! Forte hoje é quem planta na terra arrasada.

Precisamos de uma política ecológica de impacto. Temos que mudar o paradigma de se relacionar com o meio ambiente. É necessário que as escolas se preparem para esta realidade. Que o poder público, em vez de destruir árvore, passe a plantar e incentivar a população da necessidade urgente de preservar e ampliar nosso verde. Rodei a região do Araticum e vi deserto em formação. Quando garoto, convivia com codornas circulando; hoje quem acha facilmente uma? À hora é de atitude, caso contrário, meu filho vai achar o Hino Nacional anacrônico quando ler a letra “Teus risonhos, lindos campos têm mais flores”. Alguém sabe cantar o hino ainda? Mas isso é outra história.

Mário Ângelo S. Barreto
Historiador

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4 comentários:

  1. parabéns professor pelo texto, o blog ta cada vez melhor. o povo precisa escolher melhor seu prefeito, vc será candidato?

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  2. Olá,

    Obrigado por participar do nosso blog. Concordo que precisamos sempre escolher melhores gestores. Tudo indica que não serei candidato, embora esteja apto. Mas participarei ativamente na defesa de um bom nome para conduzir nosso destino.

    Um abraço e continue participando!

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  3. Os fazendeiros acham que as matas atrapalham seus lucros. Precisa mudar mesmo de mentalidade. Parabéns por levantar este tema tão importante para quem mora aí no semi-árido.

    João, Salvador - Bahia

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  4. Parabéns Mario Ângelo pelo teu blog! Concordo contigo, realmente a população precisa se conscientizar a respeito da mudança ecológica vivenciada nesta cidade. Não se deve praticar o fitocídio, é crime. Como diz o Me. Ivan de Matos em um de seus textos:“É preciso mobilizar não apenas a discussão sobre práticas lesivas contra a flora, mas sobretudo, a qualquer forma de vida, uma vez que o fitocídio, em suas variadas manifestações, compromete o equilíbrio ecológico, afetando tanto fauna quantos às comunidades humanas”. Sei também da importância do Capital para o crescimento e desenvolvimento socioespacial e urbano de Serra Preta, mais, não é destruindo o verde que alcançamos o lucro! Sou do Bravo, porém moro em Salvador e sei o quanto essa região é sofrida, principalmente pelo poder público! Abraço!

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