"O tempo jogou a verdade em nossa frente"
Mário Ângelo conversou com Geovanne Barreto em Bravo Foto: Daniel Barreto |
Há quase um mês fora do cargo
do Departamento de Cultura de Serra Preta, Geovanne Barreto, 29 anos, é sempre
questionado sobre a sua saída. Muitos ainda nem sabiam do seu pedido de
exoneração e continuavam cobrando ações da pasta, principalmente no mês de
junho, onde se comemoram as festas juninas.
Num bate papo rápido ao nosso blog, Geovanne Barreto
resolveu esclarecer boatos e motivos sobre sua saída.
Blog:
Por que você saiu do cargo?
Comentaram que foi por causa
de discussão com o prefeito, mas não foi. Algum acirramento de ânimo é natural quando você se
sente desamparado. Mas o principal motivo foi a falta de estrutura e a visão
pequena para desenvolver a cultura do município. Eu entrei para somar e não
para se tornar figura menor. Tinha meu bar, tocava em bandas, fazia composições
musicais, editava meus vídeos, fazia locuções... Perdi dinheiro ao assumir o
cargo e ganhei aborrecimento. Não via perspectiva de mudança, então, comuniquei
a Zelito e preferi pedir exoneração.
Blog:
Quanto você ganhava para ser Chefe do Departamento de Cultura de Serra Preta?
Antes de falar em salário, eu não tinha nenhuma estrutura
para exercer a função. Não contava com transporte próprio para visitar as comunidades,
não tinha sala com computador para escrever projetos, não tinha equipe de apoio.
O Departamento é subordinado à Secretaria de Educação, uma estrutura
administrativa atrasada, sem qualquer autonomia. Eu ganhava apenas 1.040 reais,
com os descontos, ficava menos de um salário mínimo, praticamente voluntário
para o que representa o cargo.
Blog:
Por que você continuou no cargo esse tempo todo?
Eu acreditei no projeto de
campanha, onde os professores Mário Ângelo e Zelito, ex-prefeito, falavam em restruturação da
cultura, através de uma Secretaria de Cultura, e projeto de cultura de verdade.
Blog: Quais
projetos?
No dia 02 de janeiro, eu
estive no gabinete do prefeito, junto com Zelito e Mário Ângelo, onde
discutimos uma série de ações na área de cultura. Era algo de mudanças.
Pensamos na fanfarra, no cinema móvel rural, corridas rústicas, festival de
música e audiovisual, na micareta do Bravo, no fortalecimento da Capina do
Monte, no Reconhecimento Histórico de Serra Preta, na Casa de Estudante, que
está abandonada, na Festa Literária e tantas outra, mas nada saiu, só a
fanfarra...
Geovanne foi franco e sem mágoas, mas não acredita em mudanças Foto: Daniel Barreto |
Blog:
Falando em Fanfarra, como anda o projeto?
A Fanfarra foi o único
projeto cultural que saiu na prática. Saiu com muita insistência. Os alunos
deram o máximo, ganhamos prêmios, mas até hoje nem os instrumentos compraram. A
fanfarra de Serra Preta ensaia com os instrumentos de Madre de Deus, articulado
pelo mestre Amorim. O projeto parou, acredito que vão querer reformular, mas o
desestímulo é real. Aproveito para lembrar dos festejos populares de primeiro de janeiro como o bumba-meu-boi, que receberam uma certa atenção.
Blog:
É verdade que você se juntou com a oposição?
Quem é a oposição? Meu projeto
é a cultura. Na verdade, sofri oposição velada. Não só eu, mas o grupo de Zelito, que
foi tratado a 'pão e água' durante todo esse período e nós sempre fiéis,
acreditando no momento certo de investimento, mas o tempo jogou a verdade em
nossa frente e acho muito difícil sair alguma coisa, só festa com bandas e
palco mesmo, que nunca tive qualquer participação em contratação de músicos,
escolhas de ritmos, etc. Eu só sabia de muitos eventos pelas redes sociais ou
comentários dos amigos na rua.
Blog:
Mas é possível novas conversas?
Pode até acontecer com as
pessoas que o prefeito prometeu fortalecer a cultura. Eu ainda vou seguir essa
base política, não vou tomar decisão isolada, até porque tenho pretensões em
ser candidato a vereador, quem sabe, né?! Mas para o Departamento de Cultura na
atual gestão estou fora! Só tive prejuízo.
Blog:
Nada de bom teve?
Teve sim. Digo prejuízo porque
pensamos algo grande e possível para Serra Preta e sinto que foi descartado.
Mas fiz muita amizade, inclusive com o próprio prefeito Aldinho, que não tinha
contato antes da política. Passei a conhecer melhor. Conheci as forças e as necessidades
que o município tem; as amizades que fiz como Laninha, Zé Preto, Seu Osmar,
Dorival Reis e tantos outros. Vou evitar citar nomes para não ser injusto. Agora é tocar a vida e torcer para que uma
nova gestão seja mais ousada e com vontade de desenvolver Serra Preta.
Blog:
O que fazer de agora em diante?
Vou continuar fazendo o que
sempre fiz na música, nas composições, nas artes. Atualmente, montei uma 'hambugueria' residencial, até reinaugurar meu bar. Pretendo ainda este ano lançar um
programa audiovisual nas redes sociais sobre Serra Preta, entrevistando
personagens, valorizando a cultura e denunciando também injustiças. Garanto as
pessoas que gostam de mim, que estou bem. No cargo tinha pressão alta,
engordei, não dormia direito, mas hoje, voltei ser o homem que sempre fui.
Leia Também
Serra Preta perde muito culturalmente com o afastamento do companheiro Geovane, talentoso, humildade, bem intencionado e fazia o que gostava, ele e o professor Mário Angelo carregavam a Fanfarra nas costas, eventos como: Enterro do ano e Bumba meu boi foram recordes de participação popular em nossa terra.
ResponderExcluirMais uma vez a cidade perde algo de bom . À alguns anos a fábrica de artefatos em couro fechou e deixando Muitos familiares desamparados , agora essa!
ResponderExcluirÓtima entrevista muito esclarecedora,gostei muito da postura ética e profissional do mestre Geovane Barreto,pois um homem que se respeita Ago desta forma.
ResponderExcluirSempre bom um esclarecimento. Pra qui pessoas má intencionado não venha fazer comentários maldosos.de fato um jovem cheios planos.boas intenções rico em ideia.pena. não ser renconhecido mais tem bagagem pra assumir tal responsabilidade.
ResponderExcluir