11 de abril de 2019

"Lenin Moreno é o maior traidor da história da América Latina", diz Rafael Correa


O ex-presidente do Equador Rafael Correa se manifestou sobre a decisão de seu sucessor, Lenin Moreno, de suspender o asilo político concedido a Julian Assange, fundador do Wikileaks. "Moreno é o maior traidor da história da América Latina", disse ele. Fora da embaixada, Assange provavelmente será entregue aos Estados Unidos, onde seria condenado a prisão perpétua. Graças ao Wikileaks, foram reveladas torturas dos Estados Unidos no Iraque e também a espionagem contra a Petrobras e os governos do Brasil e da Alemanha. Ativistas de direitos humanos e da liberdade de expressão consideram esta quinta-feira um dia de luto para a humanidade. Confira, abaixo, o tweet de Correa e também sua entrevista ao canal RT, assim como a reportagem da Reuters:

LONDRES (Reuters) - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi preso pela polícia britânica e retirado da embaixada do Equador em Londres, nesta quinta-feira, depois que o governo equatoriano revogou abruptamente o asilo de sete anos concedido a ele, abrindo caminho para uma possível extradição aos Estados Unidos.
Promotores norte-americanos disseram que Assange trabalhou em conjunto com a ex-analista de inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning, que passou 7 anos em uma prisão militar por vazamento de dados sigilosos, e o denunciaram pelo crime de conspiração para invasão de computadores, com pena máxima de 5 anos.

De cabelo e barba brancos, e aparentando fragilidade física, Assange foi retirado da embaixada por ao menos sete homens da polícia britânica e levado a um veículo da corporação.
“Julian Assange, de 47 anos, foi preso hoje, quinta-feira, 11 de abril, por agentes do Serviço da Polícia Metropolitana (MPS) na embaixada do Equador”, informou a polícia britânica.
A polícia informou ter efetuado a prisão depois de ser convidada a entrar na embaixada na esteira da anulação do asilo pelo Equador, acrescentando mais tarde que Assange foi preso também devido a um pedido de extradição dos EUA.
A prisão, ocorrida quase sete anos depois de Assange se abrigar na representação diplomática de algumas poucas salas apertadas, é uma das reviravoltas mais peculiares de uma vida tumultuada que transformou o jornalista e programador australiano em um rebelde procurado pelos EUA.
Os apoiadores de Assange disseram que o Equador o traiu a pedido de Washington, que a anulação do asilo é ilegal e que temem que ele acabe sendo julgado em solo norte-americano.
Para alguns, Assange é um herói por ter exposto o que apoiadores retratam como casos de abuso de poder de Estados modernos e por defender a liberdade de expressão. Para outros, ele é um rebelde perigoso que minou a segurança norte-americana.
O WikiLeaks irritou Washington ao publicar centenas de milhares de cabos diplomáticos secretos dos EUA que expuseram avaliações muitas vezes altamente críticas de líderes mundiais — do presidente russo, Vladimir Putin, a membros da família real saudita.
Assange rendeu manchetes internacionais em 2010, quando o WikiLeaks publicou um vídeo militar norte-americano confidencial que mostra um ataque de helicópteros Apache que matou uma dúzia de pessoas em Bagdá, inclusive dois membros da reportagem da Reuters, em 2007.
Não ficou claro de imediato o que levou o Equador a encerrar a estadia de Assange ou quanta diplomacia foi envolvida em sua prisão. O Kremlin disse esperar que seus direitos não sejam violados.
Assange foi colocado sob custódia em uma delegacia do centro de Londres e posteriormente conduzido ao Tribunal dos Magistrados de Westminster. Um juiz o condenou por violar as condições da liberdade condicional concedida a ele em 2012, quando enfrentava uma ordem de extradição para a Suécia.
Ele se refugiou na embaixada em 2012 para evitar ser extraditado à Suécia, cujas autoridades queriam interrogá-lo devido a uma investigação de agressão sexual.A Suécia encerrou a investigação em 2017, mas Assange foi preso nesta quinta-feira por violar as regras de sua fiança original em Londres.As relações de Assange com seus anfitriões esfriaram desde que o Equador o acusou de vazar informações sobre a vida pessoal do presidente Lenín Moreno.”O governo britânico o confirmou por escrito”, disse Moreno. “O asilo do senhor Assange é insustentável e não é mais viável”.
Assista à entrevista com Julian Assange


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