Parte dos leitos do Hospital Geral Roberto Santos ficou sem colchão (Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO) |
Oficialmente batizada de Klebsiella pneumoniae carbapenemase, a bactéria não é rara. Segundo o médico infectologista José Tavares Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), existe uma estimativa de que, em 1g de fezes, existam 100 milhões de bactérias.
“Muitas das bactérias próprias humanas são extremamente benéficas e mantém a homeostase do intestino interno, enquanto algumas facilitam a absorção de nutrientes. Mas é fundamental lavar as mãos ao entrar no hospital, quando visita um doente, porque sempre tem essas bactérias”, diz o professor. O problema vem quando a bactéria passa a ser resistente a antibióticos.
Se uma pessoa tiver contraído a infecção por KPC, que é generalizada, pode chegar à falência de múltiplos órgãos e, em seguida, à morte. E tudo pode acontecer num intervalo de poucas horas, a partir do momento em que a bactéria tem contato com o sangue do paciente. “Mas isso depende muito de em quanto tempo é feito o atendimento e a precocidade do diagnóstico”.
Segundo o infectologista, nos últimos anos, houve notícias de ”casos isolados” na Bahia, além de outros hospitais do Brasil. “No mundo inteiro, a frequência de bactérias multirresistentes têm crescido. Não só essa, como várias. Isso não é peculiar ou particular do (Hospital Geral) Roberto Santos, do (Hospital) Couto Maia. Isso é o que está acontecendo no mundo”.
Ele explica que os hospitais brasileiros que têm taxas baixas de infecção hospitalar seguem normas rigorosas e defende que cada instituição tenha um programa de controle. “Porque a tendência no mundo é ter essa ampliação (no número de bactérias multirresistentes)”.
Troca de colchões
A KPC é uma das bactérias que teria provocado uma infecção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HGRS, em dezembro do ano passado, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde da Bahia (Sindisaúde) quanto o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA). Isso obrigou a comissão de controle de infecções hospitalares da unidade a descartar colchões velhos, diretamente ligado à presença de bactérias, provocando a redução de leitos disponíveis nos diversos setores da unidade.
Além da KPC, também foi apontada a Cianobacter. De acordo com os sindicatos, o surto já foi controlado, mas funcionários da unidade confirmaram que a diminuição do número de leitos ocorreu devido à falta de colchões para repor os que foram descartados durante o processo de desinfecção. O hospital não soube informar quantos colchões foram descartados. Tiveram que ser jogados fora todos aqueles que estavam danificados, muito velhos ou rasgados, já que poderiam facilitar a proliferação de bactérias. Segundo a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), a troca de colchões será concluída em até 30 dias.
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