25 de outubro de 2014

JUSTA HOMENAGEM: Fecularia do município de Andaraí recebe o nome de Olegário Monteiro

Olemária Santos, filha de Olegário Monteiro, representa a família na inauguração
Viúva, filhos e netos participam das homenagens
A prefeitura de Andaraí, 328 km de Salvador, localizada na Chapada Diamantina, inaugurou uma fecularia em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, última quinta-feira, dia 23. Um bom público compareceu ao evento que contou com a presença do governador do Estado Jaques Wagner, Deputado José Neto e outras autoridades.

Segundo a prefeitura, 1300 agricultores familiares serão beneficiados com a cooperativa. O governador Jaques Wagner afirmou que está “agregando valor ao trabalho do agricultor familiar. Em vez de vender o que ele produz in natura, a produção passa por um beneficiamento, que é vendido por um valor mais alto no mercado”. O governador lembrou ainda que são várias as cadeias produtivas beneficiadas com ações dessa natureza, a exemplo do mel, do leite, do umbu, dentre outros.

Agricultores rurais e moradores marcaram presença
Governador Jaques Wagner participa da homenagem

Homenagem


Olegário Monteiro, falecido ano passado, foi homenageado com o nome da fecularia. Olegário era homem do povo, pessoa simples e que durante toda a sua vida exerceu a profissão de agricultor rural no município de Andaraí.

Familiares de Olegário Monteiro e amigos prestigiaram o evento. Sua única filha, Olemária Monteiro, subiu ao palco da inauguração, leu um documento e se emocionou a todos.

Eternizado

Meu tio, Olegário Monteiro, homem alegre, feliz e trabalhador. Nunca vi triste! Era comum na adolescência passar as minhas férias em sua residência, em seu sítio, região conhecida como Morro Encantado, no município de Andaraí. Tudo naquele lugar era encantador mesmo.  Água abundante, muitas frutas, leite, céu azul da Chapada e gente maravilhosa. Região linda, cercada de muito verde e contornada pela gigantesca serra do Sicorá.

Por lá, eu era tratado como filho. Tia Marina e tio Olegário nunca reclamaram de nada. Não sei se meu comportamento de criança sempre correspondia, mas eu ficava 30 dias em sua residência e quando retornava para o Bravo, distrito de Serra Preta, à tristeza de todos era latente. Seus filhos Ozemar, Berleno e Vigílio eram mais do que primos para mim.

Foi lá que montei a cavalo pela primeira vez. Meu tio me conduziu, por mais de 12 km, para a casa de meu avô na Fazenda Boa Sorte. Cortamos mata, caminhos curtos, cheiro de mato verde...  Tudo era muito natural, intocável. Parecia que os portugueses ficaram apenas em Porto Seguro. Claro que não era bem assim, logo via jovens trabalhando em carvoaria, cortando madeira de lei, tocaiando o gado, plantando e colhendo mamona. Era a Chapada em profunda transformação pelo capital.

Anos se passaram e destino nos jogou e outros caminhos. As visitas não tinham como ser mais constantes. Porém, tio Olegário continuava no mesmo lugar de sempre. Quando meu filho Daniel nasceu fiz questão de apresentá-lo. Ele brincou o tempo todo com meu guri. Sempre sorrindo! Contou de tudo, voltou às histórias de sua juventude, perguntou sobre todos...

Dois anos depois, a notícia que um câncer havia lhe abatido. Nos momentos finais, meu tio dava mais exemplo de vida. Conversei com ele na beira da cama. Cansado, evidentemente, porém, alegria continuava no rosto. Em algum momento se resignava e dizia que estava morrendo. O forte vaqueiro precisava da ajuda da minha prima até para o banho. Olemária fazia de tudo sem se queixar. Dias e noites de luta! Meu tio continuava contando as histórias, em nosso último diálogo me falou que não tinha medo de morrer e que estava deitado esperando a vontade de Deus.

Recebi a homenagem com muita alegria e surpresa. Não sabia previamente para prestigiar mais de perto. Desejo produtividade para todos os trabalhadores que farão uso da fecularia Olegário Monteiro. Se antes no passado apenas as autoridades eram prestigiados com seus nomes em obras públicas, este gesto em Andaraí demonstra que o Brasil está mudando.  Parabéns a todos que tornaram possível este feito.

Mário Ângelo S. Barreto


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