12 de setembro de 2014

Projeto de estudante de Feira de Santana é selecionado por universidade de Harvard

"Quando a gente estuda no colégio, estamos só repetindo o que já fizeram. A pesquisa dá a oportunidade da criação”

A estudante, Geórgia Gabriela da Silva, deseja estudar fora do Brasil

Com apenas 18 anos, uma estudante feirense está participando de um concurso da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, junto com estudantes do mundo todo. A ideia da estudante Geórgia Gabriela da Silva Sampaio é criar um Kit para diagnosticar a endometriose, de forma mais rápida e um custo inferior. O concurso conta com 40 trabalhos, sendo 16 do Brasil e apenas um da Bahia.

O concurso é composto por fases. A semifinal foi encerrada na quarta-feira (10). Uma votação, através da internet, definiu cinco trabalhos, que se juntarão com outros 10, já escolhidos através de avaliação, totalizando 15 finalistas.

O resultado oficial deve ser divulgado na próxima segunda-feira (15), mas Geórgia informou ao Acorda Cidade que o resultado da votação é aberto e que o trabalho dela se classificou entre os cinco escolhidos através de votação na internet. Os autores dos 15 projetos escolhidos vão passar por entrevista via skype e cinco serão escolhidos para participar de uma conferência nos Estados Unidos, que acontece anualmente.

“Poderei apresentar meu projeto, com minhas ideias, mostrar como ele foi desenvolvido e pedir patrocínio aos investidores que estarão lá, para poder trazer o patrocínio para o Brasil e poder implementar o diagnóstico da endometriose de forma mais simples”, disse.

A estudante afirmou que participar desse concurso é importante para dar continuidade a essa pesquisa, que está parada por falta de laboratórios em Feira de Santana. Ela disse que tentou dar continuidade em Salvador, mas também não teve como continuar, pois o pesquisador que a estava ajudando, Dr. Eduardo Ramos, estava lhe disponibilizando apenas o tempo extra e não poderia acompanhá-la em Salvador.
Geórgia destacou ainda a oportunidade de melhorar o currículo, através do concurso, e também na possibilidade de conhecer uma das melhores universidades do mundo, além da visibilidade que a pesquisa dela terá.

Como surgiu a ideia
A ideia de pesquisar sobre a endometriose surgiu, segundo a estudante, quando percebeu o contexto social que a doença tem. “A endometriose é uma doença que atinge aproximadamente seis milhões de mulheres no Brasil e 170 milhões no mundo. O tratamento da doença é muito caro e o diagnóstico também. Como o sintoma principal é a dor durante a menstruação, as mulheres passam muito tempo sem procurar tratamento. A média de atraso é de sete anos e enquanto isso a endometriose vai avançando em estágios piores”, afirmou.
Geórgia conta que quando percebeu esse contexto social, pensou na criação de um diagnóstico que fosse barato e praticável para incluir nos serviços públicos e poder dar acesso a todas as mulheres. “Muitas mulheres não têm condições para poder pagar o tratamento e ficam excluídas desses serviços médicos, então eu pensei nessa criação”.

Vida de estudante
Sidinei da Silva Sampaio, mãe de Geórgia, conta que a filha sempre foi muito aplicada e determinada nos estudos. Ela não esconde o orgulho e a alegria de acompanhar a trajetória de estudos da filha, que se formou no ensino médio no ano passado em uma escola particular da cidade, onde ela era bolsista.
“Me sinto feliz, pois vejo o esforço dela. Sempre foi muito aplicada, desde pequena. Ela já venceu várias olimpíadas, conseguiu uma bolsa em uma boa escola, tudo através do próprio esforço. O projeto dela vai gerar uma melhora na vida das mulheres, pois uma doença como essa não é descoberta através de exames simples”, afirmou.
Geórgia também reconhece sua dedicação pelos estudos. Ela já passou em três vestibulares, dois na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e um na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), porém não ingressou em nenhum deles, pois está se preparando para fazer vestibular em uma universidade fora do Brasil.
“Pretendo fazer Engenharia Mecatrônica aqui no Brasil, mas meu plano é passar em uma universidade fora do paísl. Como a grade curricular é mais aberta, eu posso fazer Engenharia Mecatrônica e dar continuidade ao meu projeto da endometriose ao mesmo tempo. Já fiz e passei em três vestibulares, um para Engenharia da Computação, outro para Engenharia Civil e outro para Engenharia Elétrica”, informou.

Produção de conhecimento
A estudante Geórgia Gabriela destaca ainda a satisfação de produzir conhecimento, através da pesquisa. “É muito interessante se perceber produzindo conhecimento. A pesquisa dá a oportunidade de fazer isso. Quando a gente estuda no colégio, estamos só repetindo o que já fizeram. A pesquisa dá a oportunidade da criação”. Geórgia disse que apesar de estar desenvolvendo uma pesquisa sobre endometriose, não pretende fazer medicina. “Gosto muito de pesquisar independente da área e não penso em medicina”, concluiu. 

Informações: Black Brasil
 

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