"Quando a gente estuda no colégio, estamos só repetindo o que já fizeram. A pesquisa dá a oportunidade da criação”
A estudante, Geórgia Gabriela da Silva, deseja estudar fora do Brasil |
Com apenas 18 anos, uma estudante
feirense está participando de um concurso da Universidade de Harvard,
nos Estados Unidos, junto com estudantes do mundo todo. A ideia da
estudante Geórgia Gabriela da Silva Sampaio é criar um Kit para
diagnosticar a endometriose, de forma mais rápida e um custo inferior. O
concurso conta com 40 trabalhos, sendo 16 do Brasil e apenas um da
Bahia.
O concurso é composto por fases. A
semifinal foi encerrada na quarta-feira (10). Uma votação, através da
internet, definiu cinco trabalhos, que se juntarão com outros 10, já
escolhidos através de avaliação, totalizando 15 finalistas.
O resultado oficial deve ser divulgado
na próxima segunda-feira (15), mas Geórgia informou ao Acorda Cidade que
o resultado da votação é aberto e que o trabalho dela se classificou
entre os cinco escolhidos através de votação na internet. Os autores dos
15 projetos escolhidos vão passar por entrevista via skype e cinco
serão escolhidos para participar de uma conferência nos Estados Unidos,
que acontece anualmente.
“Poderei apresentar meu projeto, com
minhas ideias, mostrar como ele foi desenvolvido e pedir patrocínio aos
investidores que estarão lá, para poder trazer o patrocínio para o
Brasil e poder implementar o diagnóstico da endometriose de forma mais
simples”, disse.
A estudante afirmou que participar desse
concurso é importante para dar continuidade a essa pesquisa, que está
parada por falta de laboratórios em Feira de Santana. Ela disse que
tentou dar continuidade em Salvador, mas também não teve como continuar,
pois o pesquisador que a estava ajudando, Dr. Eduardo Ramos, estava lhe
disponibilizando apenas o tempo extra e não poderia acompanhá-la em
Salvador.
Geórgia destacou ainda a oportunidade de
melhorar o currículo, através do concurso, e também na possibilidade de
conhecer uma das melhores universidades do mundo, além da visibilidade
que a pesquisa dela terá.
Como surgiu a ideia
A ideia de pesquisar sobre a
endometriose surgiu, segundo a estudante, quando percebeu o contexto
social que a doença tem. “A endometriose é uma doença que atinge
aproximadamente seis milhões de mulheres no Brasil e 170 milhões no
mundo. O tratamento da doença é muito caro e o diagnóstico também. Como o
sintoma principal é a dor durante a menstruação, as mulheres passam
muito tempo sem procurar tratamento. A média de atraso é de sete anos e
enquanto isso a endometriose vai avançando em estágios piores”, afirmou.
Geórgia conta que quando percebeu esse
contexto social, pensou na criação de um diagnóstico que fosse barato e
praticável para incluir nos serviços públicos e poder dar acesso a todas
as mulheres. “Muitas mulheres não têm condições para poder pagar o
tratamento e ficam excluídas desses serviços médicos, então eu pensei
nessa criação”.
Vida de estudante
Sidinei da Silva Sampaio, mãe de
Geórgia, conta que a filha sempre foi muito aplicada e determinada nos
estudos. Ela não esconde o orgulho e a alegria de acompanhar a
trajetória de estudos da filha, que se formou no ensino médio no ano
passado em uma escola particular da cidade, onde ela era bolsista.
“Me sinto feliz, pois vejo o esforço
dela. Sempre foi muito aplicada, desde pequena. Ela já venceu várias
olimpíadas, conseguiu uma bolsa em uma boa escola, tudo através do
próprio esforço. O projeto dela vai gerar uma melhora na vida das
mulheres, pois uma doença como essa não é descoberta através de exames
simples”, afirmou.
Geórgia também reconhece sua dedicação
pelos estudos. Ela já passou em três vestibulares, dois na Universidade
Estadual de Feira de Santana (Uefs) e um na Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), porém não ingressou em nenhum deles, pois está se
preparando para fazer vestibular em uma universidade fora do Brasil.
“Pretendo fazer Engenharia Mecatrônica
aqui no Brasil, mas meu plano é passar em uma universidade fora do
paísl. Como a grade curricular é mais aberta, eu posso fazer Engenharia
Mecatrônica e dar continuidade ao meu projeto da endometriose ao mesmo
tempo. Já fiz e passei em três vestibulares, um para Engenharia da
Computação, outro para Engenharia Civil e outro para Engenharia
Elétrica”, informou.
Produção de conhecimento
A estudante Geórgia Gabriela destaca
ainda a satisfação de produzir conhecimento, através da pesquisa. “É
muito interessante se perceber produzindo conhecimento. A pesquisa dá a
oportunidade de fazer isso. Quando a gente estuda no colégio, estamos só
repetindo o que já fizeram. A pesquisa dá a oportunidade da criação”.
Geórgia disse que apesar de estar desenvolvendo uma pesquisa sobre
endometriose, não pretende fazer medicina. “Gosto muito de pesquisar
independente da área e não penso em medicina”, concluiu.
Informações: Black Brasil
A estudante afirmou que participar desse
concurso é importante para dar continuidade a essa pesquisa, que está
parada por falta de laboratórios em Feira de Santana. Ela disse que
tentou dar continuidade em Salvador, mas também não teve como continuar,
pois o pesquisador que a estava ajudando, Dr. Eduardo Ramos, estava lhe
disponibilizando apenas o tempo extra e não poderia acompanhá-la em
Salvador.
Informações: Black Brasil
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