15 de outubro de 2013

DIRETO DE PORTUGAL: A obra de Vasconcellos, que só nós temos

Apoiado por todos. Sentimo-nos altivos e maiores que a Metrópole. 

Daiana Rodrigues*
No Brasil, é comum as pessoas sorrirem, mas nunca ria na aula de Direito Romano, a não ser que a piada venha do Professor. Ontem, tinha alguém rindo. O Professor simplesmente parou de aplicar o assunto e disse com mais firmeza:
"Gostas muito de rires, o pá! Vamos conta-nos a anedota. Também gosto de rir. Vamos, força, conta a anedota para podermos todos rirmos. Agora. Conta alto. Teus colegas devem gostar tanto quanto eu. Faz-nos graça!"
E o silêncio fez eco na grande sala, o monólogo continuou.
Não tive coragem nem de virar para olhar quem estava sendo repreendido.
Continuou, pois, a aula. Voltou ao mesmo tom de voz.
Estudávamos as Institutiones, o Digesto, as Constituições Imperiais e outros.
Ao final da aula, Lucas foi ter com ele. Perguntou-lhe sobre como ter acesso aos textos dessas leis. Havia alguns exemplares em latim.
Então, eu, cheia de orgulho da nossa FDUFBA, falei que temos uma versão manuscrita, uma tradução do latim para o português aí, no Memorial, do Digesto ou Pandectas, que eu e Leandro Luz organizamos os 50 livros. Sugeri que entrassem em contato com o nosso Diretor, o Dr. Celso Castro, para talvez conhecerem o material. 
O rosto do Doutor de cá se iluminou: "Uma raridade! Um tesouro!" Repetia deslumbrado. Disse-nos que deveríamos contar isso ao Diretor da FDUC, que é um dos maiores estudiosos do tema.
Motivo de orgulho para nós todos; a obra de Vasconcellos, que só nós temos. Orgulho especial para mim, que participei de pertinho da organização, que pus as páginas ordenadas, conferi-as, cuidei com carinho para que nada se perdesse, ainda que não tenhamos todas as páginas completas... Nesses momentos, o coração se infla no peito.
Um dos meninos, cheio de orgulho soltou um "chupa, Coimbra!", quando saímos da sala. Apoiado por todos. Sentimo-nos altivos e maiores que a Metrópole.
Ah! Para quem quiser conhecer os 50 livros do Digesto ou Pandectas de Justiniano, única versão traduzida para o português no mundo, basta descer para o Memorial da FDUFBA, que fica no subsolo, primeira porta à esquerda no que desce a escada.
 Daiana Rodrigues, formada em Comunicação e acadêmica em Direito - UFBA e Universidade de Coimbra, Portugal.
 
 

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