"Os deputados governistas têm medo de mudar até uma vírgula
errada de um projeto apresentado pelo executivo".
Cesar Carneiro é professor do Estado |
Um dos
líderes da greve dos professores, Cesar Carneiro, a pedido de nosso blog, cedeu
entrevista, via rede social, e fez um balanço da greve.
Cesar
Carneiro é professor da Rede Estadual de Ensino da Bahia, Mestre em
História Social pela UFBA, membro da oposição da APLB, Integrante da
Intersindical e candidato a Deputado Federal mais votado pelo PSOL da Bahia em
2010. Cesar acredita que a greve dos professores é a mais forte já realizada na
Bahia e que a responsabilidade dos alunos estarem sem aula é do Governador
Jaques Wagner que custa a negociar com a categoria. Mais uma entrevista que
vale a pena conferir.
Em que
etapa encontra-se a greve dos professores?
A
primeira greve de professores que participei foi em 1986, no governo de Waldir
Pires, eu era estudante do Central. 4 anos depois, em 1990, eu era presidente
do Grêmio do Central e nesta condição foi convidado a participar do comando de
Greve. De lá para cá, acompanhei de perto todas a Greves da categoria. Essa é a
greve mais forte que tivemos até hoje. Isso é fruto por um lado do
amadurecimento da categoria e de outro da ingratidão do governo Wagner para com
que teve uma participação decisiva na sua campanha. A categoria conhece as contas
do Estado, sabe que Wagner pode pagar os 22,22% determinados, por isso não
recua, nem se intimida com as ameaças do governo, do PT e de seus aliados.
O
objetivo da greve é apenas salarial?
A função
maior do Estado é prestar serviços para os cidadãos, esses serviços são
prestados por servidores. Quem tem uma melhor qualidade de vida, esta sem
dúvida melhor preparado para prestar esses serviços, no caso dos professores
isso é ainda mais forte. O objetivo central desta greve é o cumprimento da lei
do PISO. Uma lei criada para valorizar o magistério como estratégia para elevar
a qualidade da educação no país.
O
pré-candidato do PT a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino, afirmou que os
professor foram injustos com o Governador Wagner, afirmado que vocês receberam
aumento acima da inflação durante a gestão petista?
Pelegrino
ou é mentiroso ou desinformado. Primeiro porque, nós professores que estamos em
greve não tivemos esse reajuste propagandeado por ele e por Wagner. Um
percentual próximo disto foi dado apenas para uma pequena parte da categoria, a
dos professores com formação de magistério, a maioria deles trabalham em
escolas municipalizadas e não estão na Greve. Segundo, quando Pelegrino fala de
injustiça ou ingratidão está olhando para o espelho. Pois foi o governo Wagner
(PT, PCdoB, PSB) quem vem sendo injusto e ingrato com a categoria. O Governo
Wagner já começou o primeiro mandato dizendo que na iria dar aumento para os
servidores, isso foi estampado nas primeiras páginas dos jornais baianos.
Somente após as mobilizações dos professores, foi anunciado um reajuste
diferenciado, que na nossa categoria gerou uma enorme distorção na carreira.
Iniciamos a greve e ele deu mais 1,2% para todos os servidores. De lá para cá,
permaneceu a política de reajustes diferenciados, sendo que o maior percentual
coube sempre a menor parte da categoria. Parece que Pelegrino não gostou de vê
seu governador sendo chamado de ditador. Mas que outro governador zerou os
contra cheques da categoria? Cortou o crede cesta e zerou a margem consignável
para impedir que os professores pudessem tomar empréstimos consignados?
O IBGE acaba de divulgar que o
magistério no Brasil é a profissão de menor remuneração entre outras de Nível
Superior. Além da greve, como convencer o governo e a sociedade que Professor é
uma profissão que merece ganhar bem como outras de graduação similar?
Na Bahia,
Wagner deu uma grande contribuição para essa desvalorização dos professores de
nível superior, nosso reajuste foi 30% abaixo dos professores de formação de
nível médio. Hoje, uma colega me contava o fato ocorrido com ela. O filho dela
foi estagiar em uma empresa e recebia um salário de R$640,00, se sentia
explorado, foi quando o Estado lançou um edital de concurso para professor com
o mesmo salário, o filho perguntou a ela se ela não tinha vergonha do salário
que recebia. A Sociedade saber que os professores deveriam ser melhor remunerados. Boa parte
da classe política também sabe disto, pois aprovou a lei do piso, que embora
não seja a ideal, pode melhorar muito a condição da categoria. No entanto
alguns governantes, como é o caso de Wagner, preferem não implementar a lei, na
valorizar o magistério, porque não priorizam a educação do nosso povo. Estamos
em uma situação impar. Resumidamente, temos um Eli (Lei do Piso) que manda o
governante reajustar em 22,22% os salários dos professores; temos um orçamento
de 29 bilhões de reais, com uma folga de quase um bilhão que pode ser usado
para reajustar salários de servidores. Ai o governo não se entende sobre qual o
impacto do reajuste no orçamento. Marcelo Nilo fala de cerca de 500 milhões,
Wagner e Pellegrino falam de 500 milhões, Zé Neto fala de 520, Manuel Vitório
(sec. de Administração) fala de 412 e Osvaldo Barreto fala de 411. Onde está a
verdade? Os discursos do governo não bate com os números do site transparência
Bahia. Que dados eles estão utilizando para afirmar que não tem recursos? Que a
LRF vai ser extrapolada? Como está sendo aplicado o dinheiro do FUNDEB? Porque
ele não abre as contas do FUNDEB e pede ajuda do Governo Federal?
Por que a maioria dos Deputados
Estaduais preferiu apoiar as medidas do Governo Wagner a contribuir com os
professores grevistas?
A Bahia
permanece na cultura que deputado do governo tem que votar e ter fidelidade
canina com o governador de plantão. Foi assim com ACM, Paulo Souto, Cesar Borges e
agora com Wagner. Os deputados governistas tem medo de mudar até uma vírgula
errada de um projeto apresentado pelo executivo. Agora votaram uma lei
inconstitucional porque passa por cima de uma lei federal, desmoralizaram
completamente aquela casa.
Para encerrar nosso bate papo,
quais as perspectivas para o fim da greve?
A greve vai acabar assim que os partidos da base aliada do governo entenderem que não se acaba greve cortando salários, cred cesta e consignado. Greve se acaba negociando com os grevistas, com as reivindicações apresentadas, apresentando propostas reais e não pressionando, tentando intimidar a categoria. Estamos reivindicando a implementação da lei do piso que manda que o Governo aplique para toda a categoria um reajuste de 22,22% em cima no salário base atual e retroativo a janeiro de 2012. Sabemos que o Estado da Bahia tem condições de cumprir a lei. Sabemos que o governo não quer cumprir. Mas se ele tivesse alguma preocupação com os alunos que estão sem aulas e com as 50 mil famílias que estão sem salários, sentaria para negociar com seriedade. A greve começou por conta do governo não cumprir a lei nem o acordo feito com a categoria. Quem decidiu não cumprir o acordo foi o governo. Então ele é o responsável pela greve.
Ao encerrar nosso bate-papo, o professor Cesar Carneiro, ofereceu o clip musical abaixo para o governo
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É uma vergonha o comportamento de Wagner para com os professores. É preciso que os pais dos alunos cobrem do Governador uma postura de lealdade e valorize nosso queridos professores.
ResponderExcluirBoa entrevista, Mário. O blog tá de parabéns sempre buscando pessoas inteligentes, através de entrevistas criativas e rica de informação.
ResponderExcluirSou professora da Rede e estou muito preocupada com a nosa situação, ja estamos com 2 meses sem poder pagar nossas contas e em exclusividade nossos cartões que é prioridade para nossas vidas, o que faremos com os juros? quem vai garantir nosso alimentos e aos nossos dependentes? uma greve que se tornou forte mas que todos nós sabemos da situação de este é o nosso sustento....estou muito triste com tudo isso, este mal feitor jamais está pensando em alguem, ele sabe tambem que cortar o salario dos grevistas é incustitucional,mas ele n está nem ai para isso.....Quero que me respondam, quando isso tudo aacabará? que faremos se voltarmos para sala de aula sem sucesso, e sem vitorias?
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