8 de junho de 2025

Festa junina e o esquecimento do forró

O alerta vem sendo feito por diversos artistas do gênero. Foto arquivo: SECOM/RORAIMA

As festas juninas, especialmente no Nordeste, são mais que simples celebrações: são um patrimônio cultural. Fogueiras acesas, cheiro de milho cozido no ar e os acordes da sanfona criam uma atmosfera única que remete ao forró — ritmo que há décadas embala as noites de junho. No entanto, nos últimos anos, o forró parece estar sendo deixado de lado justamente na festa que o consagrou.

O alerta vem sendo feito por diversos artistas do gênero, como Flávio José, ícone do forró tradicional. Em um episódio emblemático, o cantor teve seu tempo de show drasticamente reduzido, enquanto atrações sertanejas ocuparam mais de duas horas de palco. O ocorrido simboliza o que muitos chamam de “apagamento cultural” do São João.

A substituição progressiva do forró por outros gêneros, especialmente o sertanejo e o pop, pode até atrair um público mais amplo, mas coloca em risco a essência da festa. O forró, com suas variações — xote, baião e arrasta-pé — é parte da identidade nordestina, da memória afetiva de gerações.

Além da desvalorização do ritmo, outra crítica recorrente é a ausência de artistas locais nas programações. Prefeituras e organizadores, em busca de grandes nomes nacionais, muitas vezes ignoram talentos regionais que mantêm viva a tradição. O resultado é um São João mais homogêneo, distante da diversidade cultural de cada cidade.

Resgatar o protagonismo do forró e valorizar artistas da terra não é apenas uma questão de gosto musical, mas de respeito à cultura popular. É preciso repensar a lógica dos eventos e equilibrar o apelo comercial com o compromisso cultural.

Enquanto houver sanfona, zabumba e triângulo, o forró resistirá. Mas é urgente que os palcos juninos voltem a acolhê-lo como protagonista, e não como coadjuvante.

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