Júri Simulado absolveu Lucas da Feira por quatro votos contra dois |
A defensoria Pública do Estado da Bahia - DPE/BA realizou, quarta-feira (25), um
Júri Simulado sobre a conduta do escravo Lucas Evangelista, o Lucas da Feira, que
foi condenado à morte por enforcamento. Segundo
o site Blog da Feira, a pena foi executada na atual Praça do Nordestino,
conhecida antigamente como Campo da Gameleira há 170 anos, diante da população
feirense.
Lucas da
Feira é um personagem importante da história de Feira de Santana. Aos poucos, a
historiografia baiana tenta resgatar a sua biografia e contexto que viveu. "Lucas da
Feira foi condenado à morte, não tanto pelos crimes a ele
atribuídos, mas principalmente pelo que representava no imaginário das
elites de seu tempo: um bandido no estilo épico que sertão adentro, durante
vinte anos, brincou de gato e rato com a justiça, rompendo cercos
policiais enquanto roubava gado, assaltava fazendas, sequestrava e estuprava
moças. Uma delas, Maria Romana, estava com ele quando o comparsa Cazumbá
informou à policía seu esconderijo nas matas à margem do Jacuipe. No
interrogatório do delegado Leovegildo Filgueiras, Lucas admitiu o rapto de
inúmeras donzelas, mas garantiu nunca ter matado as meninas", informou o
site GGN.
“Eu juro que vou sobreviver e vou viver. A vida só não basta" |
No Júri simulado, evento realizado no Teatro do Centro
Universitário Cultural e Arte (CUCA/UEFS), Lucas da Feira foi absorvido por
quatro votos a dois. “Tentando não propriamente fazer
uma reconciliação com o passado, eis que irreconciliável, mas uma releitura do
direito na história – na história passada, presente e pensando em uma futura –
é que os jurados hoje, por maioria de votos, decidem absolver Lucas da Feira de
todas as acusações que lhe são imputadas”, disse defensora pública Elisa da
Silva Alves, representando a juíza do Tribunal da Comarca de Feira de Santana.
Na matéria
do site Blog da Feira, que traz detalhes sobre o Júri Simulado, foi transcrito
uma fala atribuída ao réu Lucas da Feira, onde no desespero da condenação em 25
de setembro de 1849, faz sua defesa pessoal. “Eu juro que vou sobreviver e vou
viver. A vida só não basta. Por muitos, sou temido. Por outros, seguido. Não
sou um homem totalmente bom, mas não sou ruim como dizem. Fiz o que fiz porque
precisava sobreviver. Nunca mexi com ninguém quando não precisava”.
O evento
do Júri Simulado desta natureza tem uma importância simbólica relevante para
Feira de Santana e a história baiana. Através desse modelo de debate, é
possível a população conhecer mais a atuação das instituições oficiais, o
processo de formação da cidade e os paradigmas de justiça social que desejamos
para todos.
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