25 de março de 2018

O Brasil que não quero: cenas fortes!

O Brasil não para de dar maus exemplos de civilidade
A polícia prendeu dois irmãos e um amigo suspeitos de torturar um trabalhador da fazenda da família. Segundo o site ‘News 365’, o caso aconteceu em São Sebastião do Maranhão, a 385 quilômetros de Belo Horizonte. As investigações dão conta que a vítima foi chicoteada e golpeada com uma ferramenta por ter furtado ovos da propriedade.
As prisões foram realizadas este ano depois de uma investigação de seis meses, mas a selvageria aconteceu em setembro de 2017. No vídeo é possível ver a vítima sendo chicoteada no rosto, nas costas e nas pernas sem dó ou piedade. Não se recomenda assistir ao vídeo. É possível sentir dor física, mesmo através das frias imagens.
Para um historiador, as cenas nos fazem referência a um passado que custa a ser superado. A violência praticada é a reprodução mais fiel dos castigos físicos que os negros sequestrados na África e escravizados no Brasil sofriam todos os dias. Trabalho duro, jornada de trabalho desumano em troca de pouca alimentação eram a rotina dos trabalhadores escravizados - a expectativa de vida variava em torno de 19 anos. Qualquer audácia, além dos limites impostos pelo fazendeiro, o castigo era certo!
Os papéis sociais do caso concreto são muito emblemáticos ao nosso injusto passado. A vontade de castigar é tão grande dos algozes, que parece conduta corriqueira, sem nenhum arrependimento. Como se direito tivesse de torturar ou até matar um ser humano despossuído de bens materiais, ou melhor, de segurança alimentar básica, os novos senhores da Casa Grande revoltam a todos que desejam o mundo sem sofrimento. Ao mesmo tempo, parecem ser atitudes compatíveis com agentes poderosos que defendem a perda dos direitos trabalhistas, da reforma da previdência e da desidratação do conjunto de conquistas sociais.
No mês que o Brasil choca o mundo com o assassinato da ativista social Mariella Franco, a menina da favela que lutava por direitos humanos, o país não para de dar péssimos exemplos de comportamento antissocial anacrônico. Talvez, o Brasil nunca foi diferente - apenas os atos do submundo colonial afloram pelas redes sociais em tempo real como jamais vistos. A vida nua e crua eternizada pela lente do celular, sem efeito especial, nos oferece outra dimensão da nossa tragédia humana.  
Neste filme de horror, é preciso roteirizar um novo capítulo de superação da barbárie. Combater a promoção do ódio, renegar a valorização da ignorância e lutar pelo fim da pobreza extrema precisam ser bandeiras constantes. É preciso tomar partido! Nas escolas, nas ruas, nos campos e nas cidades a cultura civilizatória precisa imperar.  A bala de calibre nove milímetro não tem mais direção ou controle, qualquer um cidadão pode ser vítima da ação ou omissão de todos. Mais ovos da serpente não podem ser quebradas com os chicotes violentos dos latifúndios. País bom, é uma nação que estuda seu passado, exija justiça social e alimente tolerância entre seu povo. 


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