27 de março de 2018

Morre Linda Brown, símbolo da luta pela integração nas escolas dos EUA

Foto de 1954 mostra Linda Brown no colégio contra o qual entrou na Justiça. AP
Morreu neste domingo (25), nos Estados Unidos, aos 75 anos, a mulher que aos 11 se tornou o símbolo do fim da segregação racial nas escolas de lá. Linda Brown era uma menina que só queria estudar perto de casa. O ano era 1950, em Topeka, no estado do Kansas. No bairro, ela brincava com crianças latinas, brancas e negras. Mas as escolas ainda eram segregadas e a que ficava perto da casa dela era só para brancos.

Por causa da cor da pele, Linda foi obrigada a frequentar uma escola a mais de três quilômetros de onde morava. “Eu me lembro que era uma caminhada bem longa e depois ainda tinha que pegar um ônibus. Eu tinha medo. E, no inverno, me lembro de as lágrimas congelarem no meu rosto”. O pai de Linda achava que a segregação tinha que acabar. Na opinião dele, era errado que os negros tivessem que aceitar uma cidadania de segunda classe.

No ano seguinte, uma organização de direitos civis entrou com uma ação contra o Conselho de Educação de Topeka num tribunal federal, mas perdeu e as escolas continuaram segregadas.
O tribunal defendeu a política que imperava na época: “pessoas separadas, mas iguais”. Ou seja, entendeu que desde que as escolas para negros e brancos fossem iguais, não havia discriminação. Mas os casos de Linda e de outras 12 famílias foram parar na Suprema Corte. E aí, sim, em 1954, a vitória foi unânime. A corte mais alta do país decidiu que separar brancos e negros nas escolas era inconstitucional e poderia gerar um sentimento de inferioridade capaz de afetar corações e mentes de maneira irreversível.
     
Várias cidades se negaram a implementar a integração das escolas e houve protestos pelo país, principalmente no Sul, onde a separação também era a regra em restaurantes, ônibus e outros locais públicos. A menina que virou símbolo do início do fim da segregação racial nas escolas e universidades dizia que a vitória na Suprema Corte teve um impacto em todas as minorias. “Alimentou os sonhos, as esperanças e as aspirações de todos os jovens negros”.


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