Foto de 1954 mostra Linda Brown no colégio contra o qual entrou na Justiça. AP |
Morreu
neste domingo (25), nos Estados Unidos, aos 75 anos, a mulher que
aos 11 se tornou o símbolo do fim da segregação racial nas escolas de lá. Linda Brown era uma menina que só queria
estudar perto de casa. O ano era 1950, em Topeka, no estado do Kansas. No
bairro, ela brincava com crianças latinas, brancas e negras. Mas as escolas ainda eram segregadas e a
que ficava perto da casa dela era só para brancos.
Por causa da cor da pele, Linda foi
obrigada a frequentar uma escola a mais de três quilômetros de onde morava. “Eu me lembro que era uma caminhada bem
longa e depois ainda tinha que pegar um ônibus. Eu tinha medo. E, no inverno,
me lembro de as lágrimas congelarem no meu rosto”. O pai de Linda achava que a segregação
tinha que acabar. Na opinião dele, era errado que os negros tivessem que
aceitar uma cidadania de segunda classe.
No ano seguinte, uma organização de
direitos civis entrou com uma ação contra o Conselho de Educação de Topeka num
tribunal federal, mas perdeu e as escolas continuaram segregadas.
O tribunal defendeu a política que
imperava na época: “pessoas separadas, mas iguais”. Ou seja, entendeu que desde
que as escolas para negros e brancos fossem iguais, não havia discriminação. Mas os casos de Linda e de outras 12
famílias foram parar na Suprema Corte. E aí, sim, em 1954, a vitória foi
unânime. A corte mais alta do país decidiu que separar brancos e negros nas
escolas era inconstitucional e poderia gerar um sentimento de inferioridade
capaz de afetar corações e mentes de maneira irreversível.
Várias cidades se negaram a implementar a
integração das escolas e houve protestos pelo país, principalmente no Sul, onde
a separação também era a regra em restaurantes, ônibus e outros locais
públicos. A menina que virou símbolo do início do
fim da segregação racial nas escolas e universidades dizia que a vitória na
Suprema Corte teve um impacto em todas as minorias. “Alimentou os sonhos, as esperanças e as
aspirações de todos os jovens negros”.
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