20 de novembro de 2016

Caminhadas da Consciência Negra se encontraram no Pelourinho

Fotos: Almiro Lopes/CORREIO

Alexandro Mota 

Na cabeça de quem foi para as caminhadas nas ruas do centro de Salvador, na tarde deste domingo (20), coube turbante, penteado black power, tranças ou cachos em movimentos. Mas, apesar da diversidade de estilos, o pensamento era um só: demonstrar o orgulho da ancestralidade africana no Dia Nacional da Consciência Negra. “É importante sair do Facebook, da internet, e ir para a rua mostrar que tem orgulho de ser negro, se empoderar mesmo e lutar”, justificou a estudante Nayara Bispo, 16 anos.
Ela e seu torço com as cores do Ilê Aiyê se juntaram a centenas de pessoas que não se intimidaram com o domingo chuvoso e foram participar da 16ª Caminhada da Liberdade, realizada pelo Fórum de Entidades Negras. A caminhada saiu da Senzala do Barro Preto, no Curuzu, ao som de Muzenza, Malê Debalê e do aniversariante Ilê, que está completando 43 anos.
Outro evento no centro da cidade, esse organizado pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), foi a 37ª Marcha da Consciência Negra Zumbi dos Palmares, que saiu do Campo Grande. As duas manifestações ocorreram na tarde de ontem e levaram o público para o Pelourinho. Foi lá que, pela manhã, houve a lavagem da estátua de Zumbi, na Praça da Sé, depois de um cortejo que saiu da sede da União de Negros pela Igualdade (Unegro), localizada no mesmo bairro.
Ainda na Liberdade, depois de criticar a falta de patrocínio e de visibilidade dos blocos afros, Antônio Carlos Santos, o Vovô do Ilê, fez um discurso de integração. “Precisamos nos unir, o papo agora é o negro no poder, precisamos tomar as esferas de poder”, afirmou. “Agora está fácil, todo mundo sai de cabelo colorido, mas nem sempre foi assim, temos que ter essa consciência de que tudo foi através de luta”, completou Vovô.
Aos 57 anos, a dona de casa e moradora da Liberdade Maria Joana Santos também comemora os avanços. “Antes, as pessoas chamavam a gente do que queria e não dava em nada, agora vai preso e tem que ser assim. A gente também não tem que se calar. Por isso que todo ano eu estou aqui, é revigorante”, afirmou Maria Joana.
Mais tímida e prejudicado pela chuva, a caminhada do Conem pela Avenida Sete de Setembro também destacou a identidade afro através dos cabelos, com MCs cantando em cima do trio.

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