23 de julho de 2016

Oposição em Serra Preta lança pré-candidatos

Aldinho e Braquistone são os pré-candidatos da oposição.
Foto: Facebook de Aldinho
Os partidos de oposição em Serra Preta, 147 km de Salvador, farão encontro domingo (24) no Clube da Lhe, em Ponto Serra Preta, às 15h, com o objetivo de confirmar os pré-candidatos Aldinho (PTN) e Braquistone (PCdoB) na chapa majoritária. Os militantes prometem demonstrar força e ensaiar uma prévia para a convenção que acontecerá em Bravo (maior colégio eleitoral).

A oposição pretende dar um basta nas pretensões governistas que administram Serra Preta desde 1982. Apenas o médico Benedito, que apoia a oposição, conseguiu uma vitória eleitoral sob esta verdadeira “dinastia política” quando derrotou Antonio Carneiro em 2002. Outro momento de crise da “dinastia política” aconteceu ao eleger Zelito Leite e este rompeu com o grupo. Hoje, Zelito Leite, considerado o prefeito que mais obras públicas realizou, apoia também a oposição.

O Engenheiro Agrônomo e professor Aldinho é o pré-candidato da oposição. Filho do ex-prefeito Dozinho, que teve seu poder abreviado em 1982 quando perdeu a eleição para Moacyr Cerqueira. A oposição conta com a pré-candidatura de Braquistone como vice na futura chapa. Braquistone é uma jovem liderança do povoado de Morro do Curral, filiado ao PCdoB e se destacou ocupando o cargo de presidente do Sindicato dos Trabalhadores com 4 mil filiados.

Antonio Carneiro e Adeil disputam herança política. Foto: Arquivo
Com a morte de Moacyr Cerqueira em 2013, a “dinastia política” possui dois nomes interessados em liderar o legado, que é o reeleito prefeito Adeil Figueredo e o ex-prefeito Antonio Carneiro. Antonio Carneiro tenta pegar o bastão ao lançar seu filho, Franklin Leite, como pré-candidato a prefeito. Vilma do Peixe, atual vereadora, deve incorporar a condição de vice na chapa.

A oposição conta com o apoio de forças diversificadas. É uma união entre o “centro político” e as “forças de esquerda”, com destaque para o PCdoB e o PT. O pré-candidato Aldinho também conseguiu reunir em torno de seu nome o ex-prefeito Benedito com principal articulador e o lendário Zelito Leite, casado com Angélica, que foi a candidata da oposição em 2012. A oposição nunca esteve num bom momento deste a vitória histórica de Benedito. 

QUADRO POLÍTICO

GESTÃO
PREFEITO
VICE
1982 a 1988
Moacyr Cerqueira
Zelito Leite
1989 a 1992
Zelito Leite
Fidélis Araújo
1993 a 1996
Moacyr Cerqueira
Adeil         
1997 a 2000
Antonio Carneiro
Antonio Alves
2001 a 2004
Benedito Gonçalves
Angélica
2005 a 2008
Antonio Carneiro
Moacyr 
2009 a 2012
Adeil Figueredo
Dozinho
2013 a 2016
 Adeil Figueredo
Moacyr 

Em vermelho, representa a vitória da oposição perante o grupo que venceu em 1982


Análise de Conjuntura
Patrimonialismo versus prestação de serviços públicos de qualidade
Servidores tentando negociar com o prefeito Adeil. Foto: Arquivo
Sem dúvida, Moacyr Cerqueira foi o maior articulador político de Serra Preta, ficando no poder por três décadas, seja conduzindo o governo ou articulando diretamente. Por outro lado, reinar este tempo todo (analisar quadro acima) não significa condução de desenvolvimento. Serra Preta é um dos piores municípios em desenvolvimento da Bacia do Jacuípe em todas as áreas públicas.

A saúde, Educação e infraestrutura precisam de investimentos reais. Empobrecida, sua população convive com o analfabetismo e a troca de favores eleitorais (arma forte para quem controla a máquina pública). Ao mesmo tempo, o município conta com abertura aos grandes centros (Feira de Santana e Salvador se destacam), onde jovens estão tendo acesso a cursos superiores, trabalho assalariado no comércio e na indústria, diversificando a atividade agropastoril de subsistência.

A vitória de Benedito, no início dos anos 2000, já indica que o modelo dos anos 80 não é mais suficiente para manter a hegemonia de prefeitos eleitos pelo voto direto, mas autoritários na condução do poder. Há uma crítica crescente em Serra Preta ao ‘governo patrimonialista’, que mistura a coisa pública com o privado, onde parte do interesse público é discutida na propriedade do gestor.

Esta eleição pode representar uma disputa entre o gerenciamento público contra o patrimonialismo. Neste sentido, candidatos terão que ajustar o discurso e a conduta histórica. O eleitor poderá estar de olho nesta subsunção teórico-prático. Neste sentido, a oposição leva vantagem ao propor a superação do modelo perverso dos anos 80, que determinou vitórias eleitorais em troca do desenvolvimento econômico e prestação de serviços públicos de qualidade.

As mudanças exógenas são outros elementos novos que estão interferindo na conduta municipal dos gestores. A política de controle do dinheiro público, a atuação do Ministério Público, a diversificação de estações comunicativas, principalmente a internet, são fatores que não faziam parte do cenário dos anos 80. Sendo assim, o momento pede um gestor inovador, competente, honesto e sem vícios para com a coisa pública. Caso contrário, pode entrar no governo com festa e sair como presidiário. A sabedoria este ano estará com a maioria do povo! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe do blog deixando sua mensagem, nome e localidade de onde escreve. Agradecemos.