9 de outubro de 2015

Monte Santo: mãe biológica devolve segundo filho à família adotiva de SP

Débora Melecardi se despede
do filho adotivo em 2012

(Foto: Arquivo Pessoal)
A mãe biológica das crianças de Monte Santo, Silvânia Maria Mota da Silva, devolveu na última semana mais um dos filhos à família paulista que tinha adotado a criança. Em junho, ela já havia entregue sua filha de 4 anos para a família adotiva. Os outros três filhos continuam com a mãe. "Devolver o menino foi a melhor coisa que eu fiz. Agora, pelo menos com esse não preciso mais me preocupar. Está seguro. Já devolvi dois. Agora, faltam só três", afirma. "Quero devolver os cinco às famílias do coração. Não tenho condições de criar e sei que eles serão mais felizes em São Paulo", disse ela ao portal Uol.

Na semana passada, Silvânia viajou para Indaiatuba, a 101 km de São Paulo, para entregar o filho de 5 anos aos pais adotivos. Lá, ela assinou um documento em que autoriza a permanência da criança na cidade, e constituiu um advogado que passa a representá-la no caso. Silvânia afirmou que devolver os filhos foi uma decisão que tomou pensando no melhor para as crianças. "Aqui (na Bahia) eles nunca terão as chances que terão em São Paulo". E acrescenta: "Eles sempre pediram para voltar. Eu nunca devia ter tirado eles dos pais adotivos. Mas fui influenciada por muita gente".

A chegada do menino à Indaiatuba, na última quinta, aconteceu com festa. A mãe adotiva Débora Brabo Melecardi disse que o garoto já retomou sua rotina e não fala mais da Bahia. "A impressão que eu tenho é que na cabeça dele, ele estava passando férias lá. É como se ele nunca tivesse saído daqui. Ele está muito feliz e nós mais ainda", afirmou.
Em maio, ela afirmou que as crianças passavam por necessidade e eram sustentadas com recursos do Bolsa Família. No mesmo mês, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA) anulou a sentença do juiz Luiz Roberto Cappio, que determinou a devolução dos irmãos à família biológica. Na época, o processo de adoção foi considerado irregular e, em 2012, Cappio decidiu pelo retorno das crianças à Bahia.
Desde setembro de 2014, as crianças mantêm contato com as famílias paulistas. De acordo com a advogada das famílias, Lenora Panzetti, foi o Ministério Público do Estado (MP-BA) que fez a aproximação. “Não teve ameaça, tráfico, nada daquilo que foi mostrado”, afirmou 
A história ganhou repercussão nacional e foi denunciada no Fantástico, da Rede Globo. Na época, os pais das crianças afirmaram que elas foram retiradas de casa pela polícia, de forma irregular, após ordem do juiz Vítor Manoel Xavier Bizerra, que na época atuava em Monte Santo e chegou a ser afastado pelo Conselho Nacional de Justiça. Duas crianças foram levadas para Campinas. As outras para Indaiatuba. Posteriormente, a Justiça determinou o retorno das crianças para a Bahia. 

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