8 de agosto de 2015

Com greve, formandos da Ufba têm que negar vagas e adiar casamento

Turma de formandos de fonoaudiologia aguarda fim da greve para finalizar o curso (Foto: Arquivo Pessoal)
Turma de formandos de fonoaudiologia aguarda fim da greve para finalizar o curso (Foto: Arquivo Pessoal)
No último sábado (1º), a estudante de fonoaudiologia Camila Almeida iria comemorar a concretização de quatro anos de estudos. A formatura estava marcada para acontecer na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e ela já pagava há dois anos o custo da cerimônia. Por conta da greve na instituição, o sonho de Camila e de outros 20 colegas teve que ser adiado. Desde o dia 28 de maio, professores da Universidade estão parados, assim como servidores técnicos-administrativos, em protesto contra o corte de recursos federais na instituição, e seguem sem previsão de retorno.
No caso da faculdade de Fonoaudiologia, a paralisação foi total entre os docentes. Camila  havia quitado cerca de R$ 1,5 mil para se formar e já está com o convite para a solenidade, que segue com data indefinida para acontecer. Procurada pelo G1, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) disse não ter o levantamento do número de estudantes que deixaram de se formar devido à greve.
A universitária considera que, se as aulas continuassem, os problemas iriam persistir, em prejuízo ao curso. No entanto, lamenta já ter feito planos esperando o diploma. “Perdi duas oportunidades de emprego porque iria me formar em agosto. É muito ruim, é uma situação de impotência. Não querem contratar estudante para estágio sem expectativa de quando vai formar”, reclamou. Ela se divide entre a expectativa de voltar às aulas e a necessidade de que os problemas da universidade sejam resolvidos antes disso. “A gente fica na esperança. Não adianta voltar da greve e as coisas continuarem como era antes”, avaliou.Desde o início de semestre, em março, a estudante contou que os estudantes de  fonoaudiologia já sentiam que a paralisação ia acontecer, por conta da falta da estrutura encontrada na Ufba. “Faltava papel para terapia dos pacientes, não tinha copo para beber água. Na clínica dentro do instituto, estava faltando bastante material. Era a gente mesmo que imprimia protocolos e levava matérias para atender pacientes”, disse.
Na mesma turma de fonoaudiologia, Ana Clara Ferraz também sofre com a indefinição sobre a data de formatura. “O vestido, que mandei fazer para a solenidade, já está pronto. Eu tinha vários projetos pessoais que tive que adiar. Meu casamento estava planejado para o fim  do ano e não tem mais como acontecer. Recebi proposta de emprego e tive que recusar”, disse. Ana afirma que também apoia a greve, porque não vê condições para a faculdade continuar com as aulas. “O banheiro estava em um estado horrível, coisas básicas levávamos de casa”, contou.
O estudante de Engenharia Elétrica Lucas Uzêda ficou com a formatura comprometida por conta da paralisação. Um dos professores da matéria de Economia e Finanças, obrigatória para o seu curso, resolveu aderir à paralisação e ele não pode concluir o semestre.  “Sem meu diploma, não posso procurar emprego. O estágio em que eu estava acabou, porque agora iria me formar”, disse. Ele apontou que seus colegas de turma vão se formar em solenidade na Reitoria nesta sexta-feira (7), porque conseguiram finalizar a mesma matéria que era ministrada por outro docente.
O estudante não iria participar da cerimônia, mas já havia se programado para receber o diploma no dia 21 deste mês. “A greve é necessária, mas fui prejudicado com isso”, afirmou. Lucas estava na faculdade no dia 27 deste mês, quando a luz foi cortada. “O professor tinha vindo da Alemanha para dar o curso e a luz foi cortada no meio da aula dele. Tivemos que ser transferidos para a faculdade de Arquitetura para que a aula tivesse continuidade”, disse.
Crise e greve
Em crise financeira, a UFBA tem dívida de R$ 28 milhões e já suspendeu as atividades de pós-graduação devido à redução em 75% no repasse do Programa de Apoio à Pós Graduação (PROAP). Os professores suspenderam as aulas há mais de 60 dias.
Os servidores e professores pedem o mesmo reajuste salarial defendido pelos funcionários públicos federais, de 27%, enquanto o governo federal oferece 21,3%. Tanto a Apub quanto a Assufba consideram que a proposta do governo não repõe perdas inflacionárias sofridas pelos trabalhadores.
Cruzaram os braços, além da Ufba, a maior parte dos funcionários do Recôncavo da Bahia (Ufrb), do Oeste da Bahia (Ufob) e do Vale do São Francisco (Univasf).

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