16 de maio de 2015

16 de maio: Os meus sonhos foram todos vendidos

Extraído do vídeo Choque
Fomos à rua contra a violação do painel em 16 de maio de 2001. Éramos estudantes. No Senado, o falecido ACM se divertia com o painel eletrônico, na busca de informação privilegiada. Desejava saber os votos dos senadores, que registravam seus interesses secretamente numa República que luta por transparência.

Anos se passaram e os escândalos se ampliaram na Era Lula. A base do governo interpretou a campanha histórica “O petróleo é Nosso” literalmente. Os movimentos de esquerda retraíram e os sindicatos reeditam a Era Vargas – é o neopeleguismo. Por outro lado, os alimentados de bairros tradicionais, que detestavam protestos, agora protestam. Muitos radicais de ‘Direita’ utilizam a liberdade relativa da democracia para cobrar a volta da Ditadura Militar em passeatas de rua, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro.

Com o esfriamento das passeatas verde e amarelo, apelam em bater panelas simultaneamente, quando o discurso televisivo da presidenta Dilma e o horário eleitoral do PT iam ao ar. Em resposta, Dilma preferiu se pronunciar através das redes sociais. Na tréplica, o jornalismo da Globo exalta os panelaços em bairros nobres. Lula posta vídeo nas redes sociais malhando em academia. Porém, as concessões de Rádio e TV no Brasil seguem o paradigma dos regimes de chumbo. Falar em chumbo, tortura política caiu consideravelmente, mas os jovens pobres são vítima de assassinatos todos os dias.

Dilma foi reeleita com votação apertada. Seu início de governo parece governar para os adversários. Ajuste fiscal apenas para a classe trabalhadora. Os bancos continuam bem. Aumento de impostos, alteração trabalhista e arrocho salarial viraram notícias cotidianas. Diz que o Brasil será uma “Pátria Educadora”, mas a Educação sofre com corte de verbas e o modelo de ensino ainda nos moldes do século passado.

Na Bahia, as chuvas revelam o déficit habitacional de Um milhão de casas e falta de investimento em infraestrutura urbana. Dezenas de baianos morrem soterrados em bairros periféricos. A pele negra se confunde com a lama das encostas. A prefeitura direcionou seu orçamento para eventos e bairros de referência. A Roma Negra é administrada por ACM Neto, que goza de relativa popularidade.

O “16 de maio” de hoje é bem diferente do “16 de maio” da invasão da UFBA. Antes, o inimigo era declarado e nos esperava na esquina. Hoje, o inimigo é difuso, frequenta a ‘Direita’ e a ‘Esquerda’. Antes, a ética política era um bem inegociável. Hoje, um pilar contraditório para os padrões da governabilidade. Para a defesa dos governistas, o Brasil sempre foi assim. Todos roubam, a corrupção é endêmica, não há santo nos trópicos. O brasileiro é um falso moralista, que na primeira oportunidade, mete a mão no dinheiro do contribuinte. O que a gente fazia mesmo no '16 de maio' nas ruas de Salvador?

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