26 de fevereiro de 2015

ZEZÉU RIBEIRO: o que faz um líder ganhar o respeito?

Zezéu Ribeiro na sua posse no Tribunal de Contas do Estado da Bahia (Foto: Divulgação/TCE)

Zezéu Ribeiro na posse no Tribunal de Contas do
Estado da Bahia (Foto: Divulgação/TCE)
Já escrevi esta história no facebook e volto a lembrar. Na campanha para governador da Bahia em 1998, participei de uma reunião no Sindpetro para escolher o candidato do PT para a disputa. Ninguém queria se candidatar. Defendi o nome de Pinheiro, mas seu gabinete preferia a reeleição para Deputado Federal, assim como Wagner e outros parlamentares. Ninguém queria correr o risco de ficar sem mandato, já que a vitória de Cesar Borges (PFL) era inquestionável e possivelmente o candidato João Durval ficaria em segundo. O PT ainda não ameaçava o carlismo.

Caixa zero para a campanha, desmotivação dos líderes... Neste dia discursei, não aceitava a estratégia do umbigo e quase chamava a galera de ‘covarde’ (kkkk). No final da discussão, Zezéu faz uso do microfone e disse: “se ninguém deseja colocar seu nome, eu faço o sacrifício”. Muitos aplausos! Zezéu abriu mão de uma eleição confortável para o parlamento e se candidatara para governador.
À tarde, foi decidido que o lançamento, primeiro comício, seria no município de Santo Sé, mas sem recursos financeiros o ato teve que ser cancelado. Tudo era difícil. Mas logo a surpresa: Zezéu ficou em segundo lugar naquela eleição.

Cesar Borges ganhou para governador, mas o futuro ficou com o PT. A segunda colocação na disputa deu ao PT a responsabilidade de vencer o carlismo. João Durval ficara em terceiro. Foi à derrota do PT mais vitoriosa na Bahia, graças à atitude de um verdadeiro líder, que abriu mão de interesses de grupo para a disputa de um projeto coletivo. A hegemonia do PT hoje no Estado se deve muito a Zezéu Ribeiro, que faleceu nesta quarta-feira (25) em São Paulo à espera do transplante de fígado.

Nunca falei isso pessoalmente a Zezéu. A última vez que encontrei com Zezéu foi no município de Anguera, já há um bom tempo, para reclamar do direcionamento do partido. Zezéu concordou em parte, fez crítica à valorização do projeto de poder, em detrimento aos programas históricos, mas disse que continuava o mesmo. Na ocasião, Zezéu estava em Anguera tentando registar o Diretório Municipal naquela localidade. Descanse em paz, companheiro!

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