SÃO PAULO: Alguma coisa sempre acontece por lá

São Paulo é realmente extraordinário. É a capital do nordeste. Uma cidade de altos e baixos, onde, segundo Caetano Veloso, a grana ergue e destrói coisas belas. A grandeza deste patrimônio dos brasileiros nos permite diversos conceitos e visões.

Minha passagem por São Paulo foi mais do que férias de fim de ano. Andei pela periferia metropolitana e pelo centrão da capital. Vi a correria de seu povo de perto. O belo metrô subterrâneo. Os longos dias de verão. As chuvas torrenciais que pareciam surgir do nada. Os altos preços de seus produtos. As senhoras, que barato, alugavam seus corpos na Estação da luz.

Não acreditei ao ver os vivos mortos consumindo drogas na Cracolândia. A vida massificada dos trabalhadores diários, os mendigos dos sobrados decadentes e os barões da Avenida Paulista. Do alto do Banespa o silêncio distante da selva de pedras, os altos e baixos de suas construções. A cada pedra colada, imaginava o passado glorioso dos poderosos. A estátua de general no cavalo branco lembra-me Napoleão, mas na São Paulo de hoje os mais pobres falam francês na pele dos haitianos.

Definir São Paulo é difícil. Poderia relatar as diversas construções, uma mais bela que outra. A paisagem artificial que substituiu a Mata Atlântica. Porém, a mídia anunciava que pelos menos 300 árvores caíram com a força da tempestade. Andando dia no seguinte, parecia que nada aconteceu. Rostos anônimos ocupavam os calçadões. A vida linear é apenas aparente. Diante da ordem cotidiana, a desordem da violência, do medo, dos pequenos furtos de quem precisa se alimentar. Da queima de ônibus como protesto, do respeito à facção criminosa, do barulho insuportável das motocicletas sem registro da periferia.

Seria um tolo tentar relatar tudo que a maior metrópole da América Latina vivencia, mas paulatinamente socializarei algumas matérias sobre minha presença relâmpago em São Paulo, com pequenos vídeos editados. Espero que vocês gostem e comentem. Até mais!