17 de dezembro de 2014

Comissão da Mulher da ALBA recebe mães de jovens desaparecidos

 
Mães de jovens desaparecidos estiveram na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, 17, para participar de uma audiência pública com o objetivo de debater ações para conter a violência e o genocídio da juventude negra, bem como cobrar respostas efetivas das autoridades para crimes ocorridos contra seus filhos. A atividade foi promovida pela Comissão dos Direitos da Mulher, presidida pela Deputada Estadual Neusa Cadore, em parceria com o movimento Quilombo Xis - Ação Cultural e Comunitária e a Campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto.

A deputada Neusa Cadore apresentou dados alarmantes do Mapa da Violência que mostram que 30 mil jovens são mortos no país a cada ano, sendo que 77% deles são negros. A parlamentar afirmou que o movimento de cobrar soluções do poder público é muito importante porque em vários lugares do Brasil está constatado que essas mortes têm o envolvimento direto da polícia. "A nossa Comissão manifesta solidariedade com as mães que vivem esse drama e se coloca como parceria desta luta", afirmou Neusa.

"O modelo de segurança pública que aí está não nos representa", afirmou o deputado Bira Coroa, presidente da Comissão Especial da Promoção da Igualdade. "Precisamos enfrentar esse debate e contribuir na construção de políticas afirmativas e efetivas", destacou. 

A representante da Rede de Mulheres Negras, Lindinalva de Paula, falou da invisibilidade da mulher negra e também reivindicou políticas públicas mais eficazes. "As mulheres negras continuam no mesmo lugar da pirâmide social porque as políticas não chegam na ponta. Continuam desempregadas e enterrando seus filhos assassinados. Precisamos mudar isso. Não temos tempo a perder", pontuou. 

"Cada vez que um jovem negro é tombado, as suas mães e suas irmãs ficam mortas em vida", afirmou a coordenadora da Campanha Reaja, Daniele Santos. Ela disse que o grupo integra uma campanha internacional pelo fim do genocídio do povo negro e criticou o modelo de formação dos policiais. "Quando você pega a cartilha de formação usada pelos policias de Salvador, você vê exatamente que o treinamento é esse, que pelo direcionamento da policia o bandido padrão é negro", exemplificou.  

Mães presentes

"Nós mães, vítimas desse estado racista, que tivemos nossos filhos sequestrados e levados forçadamente pelo Estado, estamos aqui unidas", disse emocionada Cleonice da Silva de Oliveira. O filho dela, Jean Carlos, 20 anos, desapareceu há de 1 ano e 4 meses durante uma abordagem no bairro de Canabrava. Já Miriam Cristina de Jesus, mãe de Rildean de Jesus Santos, 19 anos, relatou que há quase cinco anos precisa fazer uso contínuo de medicação porque não consegue ter estrutura emocional diante do acontecido.  

Também estiveram presentes, Iracema, mãe de Davi Alves de 17 anos, desaparecido;  além de Jorge Lázaro, que teve dois filhos assassinados. 
Entre os encaminhamentos da audiência está a constituição de um grupo de trabalho para dar prosseguimento aos debates e construir propostas concretas de intervenção. Neusa aproveitou para informar que já foi protocolado um pedido de audiência com o secretário de Segurança Pública para tratar do assunto. 

Também participaram do debate Deise de Oliveira (Representante da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos); Coronel Ramalho Neto (Secretaria da Segurança Pública); além da deputadas parlamentares Maria Del Carmen e Fátima Nunes.

Assessoria de Imprensa da Dep. Neusa Cadore via e-mail.
 

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