O papa advertiu para “o perigo que constitui o consumismo em relação à pobreza da vida religiosa”
"A hipocrisia dos homens e mulheres consagrados que
professam o voto de pobreza e, contudo, vivem como ricos, danificam a
alma dos fiéis e prejudicam a Igreja", disse hoje (16) o papa Francisco
a 4 mil membros das comunidades religiosas sul-coreanas, no centro
católico para pessoas com mobilidade reduzida de Kkottongnae, que fica a
100 quilômetros ao sul de Seul.
O papa advertiu para “o perigo que constitui o
consumismo em relação à pobreza da vida religiosa”, em um país que
alcançou um rápido progresso material nas últimas décadas. Falou também
sobre a castidade, expressando “a entrega exclusiva ao amor de Deus”,
em uma alusão a setores que defendem o desaparecimento do celibato na
Igreja Católica.
"Todos sabemos quanto exigente é [a castidade] e o
compromisso pessoal que comporta. As tentações neste domínio requerem
humildade e confiança em Deus, vigilância e perseverança”, lembrou
Jorge Mario Bergoglio aos religiosos sul-coreanos.
Depois, o papa Francisco se encontrou com 150
representantes laicos da Igreja Católica sul-coreana, tendo-os desafiado
a “ir mais além”, a ajudar os pobres e a se esforçarem para que todas
as pessoas possam ter a “dignidade de ganhar o pão e manter as suas
famílias”.
Em seu seu discurso, ele falou “do matrimônio” nos
tempos atuais, qualificando o presente como “uma época de grande crise
para a vida familiar”.
Francisco iniciou na quinta-feira (14) uma viagem
de cinco dias à Coreia do Sul, a primeira que um papa faz em 25 anos
àquele país, que tem 5,4 milhões de católicos, mais de 10% da população
total. Hoje, antes do encontro com pessoas com mobilidade reduzida,
ele beatificou 124 mártires na praça Gwanghwamun, no centro de Seul,
numa cerimônia assistida por centenas de milhares de pessoas.
O papa visitou ainda um cemitério de fetos
abortados ao se deslocar ao centro católico de Kkottongnae, no terceiro
dia da sua visita à Coreia do Sul. Francisco passou junto ao Jardim
Taeahdongsan, onde se pode ver uma estátua da Sagrada Família rodeada
de centenas de cruzes brancas de madeira que pertencem àqueles que "não
nasceram", tendo orado em silêncio.
Na Coreia do Sul há uma taxa elevada de abortos e,
segundo os dados oficiais publicados em 2005, foram praticadas nesse
ano 340.000 interrupções voluntárias de gravidez, tendo nascido apenas
440.000 crianças. A lei sul-coreana do aborto estabelece que, em caso
de violação, incesto, perigo para a saúde da mãe ou doenças
hereditárias há um prazo máximo de 24 semanas desde a concessão para
que seja possível praticar o aborto.
A visita ao país termina na segunda-feira (18).
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