4 de março de 2014

UM DIA DE MUDANÇA: entre a corda e o poder

Victor, Filipe, Ângelo e Mário Ângelo cobram auditoria da dívida pública.
Sempre que é possível participo da “Mudança do Garcia”, bloco popular do carnaval de Salvador, que tem como grande característica a confecção de placas com frases críticas e atuais. Este ano não foi diferente e lá fui eu apreciar, se divertir, protestar e ler as placas com frases da “Mudança”.

Até que o aperto estava suportável, para os padrões da festa baiana, e deu para apreciar os camarotes, as pessoas, as músicas, os artistas... Os artistas me chamaram a atenção. Quase todos que eu ouvi davam uma paradinha na frente do camarote do prefeito ACM Neto e se “ajoelhavam” de elogios.  Em alta popularidade e a galera do CAB em baixa, os artistas garantiam um possível futuro na corte.  Sair na TV da família faz bem. A sorte não chega para todos. Nem todos desejam mais se submeter ao dedinho de nossa senhora de Fátima.

Política a parte, eu queria mesmo era me divertir. E logo meu amigo Filipe Leão tratou de melhorar as coisas:  - vamos beber! Pensei em Daniel, meu filho. Estava dirigindo. Mas a sede era grande. E água mesmo só no brinquedo das Muquiranas. Falar em Muquirana, Filipe fez sucesso! Alegre, abriu logo o bolso e pagou todas as cervejas. Meu xará, Ângelo, rejeitou a gelada. Achei que ele não queria contribuir com o monopólio da cervejaria. Mesmo dirigindo (que não seja exemplo pra ninguém), lembrei que de graça até injeção na testa. Não é que um folião recebeu gratuitamente uma latinha na testa?! Estava próximo de mim. O sangue desceu. Quem jogou foi algum membro das Muquiranas. Ainda bem que o azarado não era cinegrafista. Pensei no mensalão, mas não se tratava de quadrilha. O ferido teve o apoio de outros membros das Muquiranas, que foram solidários e colocaram gelo na testa da vítima.

Esfriado as coisas, eu queria mesmo era ler as frases das placas. E logo falei para Victor Paulo:  - não li nada crítico ainda. O “lepo, lepo” tá ganhando da “Mudança”. Victor, que não enxerga bem, logo ouviu uma bandinha, participando da “Mudança”, cantado o jingles da campanha de ACM das eleições de 1990. Aquela de Chocolate da Bahia, “ACM meu amor”... Logo indaguei que a “Mudança” mudou mesmo. A Mudança tava paz e amor. Até mesmo com o PT pegou leve. Só uma frase que dizia que “não foi o PT quem inventou a corrupção, mas a encontrou e gostou” (mais ou menos assim). Não sei se tinha alguma relação, mas no 'minitrio' da Mudança havia uma propaganda do governo do Estado.

Porém, acho que eu era uma ilha junto com meus colegas. Ninguém sabia dançar a música tocada. Quem dança bem é o PMDB: um passo pra lá e outro pra cá. Filipe tá careca de saber disso, mas não perde a esperança. Para completar, ele organizou o bloco “Auditoria Cidadã da Dívida”. Ele disse que nesta festa técnica, quem dança mesmo é o povo. Foi logo me doando uma camiseta cinza do bloco. A frase da camiseta criticava os gastos com a dívida pública e cobrava uma auditoria popular das finanças. A camiseta era bem bolada, cor cinza - a cor do cérebro. Mas o povo no carnaval gosta mesmo é da cor da carne: vermelho. Nosso bloco passou quase invisível. Nenhum artista baiano mandou aquele abraço – ainda bem que temos facebook. O povo da direita que lia nossa camiseta não gostava (deveria ter papéis do governo); o povo do governo que lia também fechava a cara. Ficamos entre as cordas, onde a maioria só queria um lepo, lepo.

Certamente, na quarta-feira de carnaval, o governo pega a grana do carro e do teto e paga os juros da dívida pública. A música do carnaval não podia ser outra. Perfeita, gênio esse cantor do Psirico! Mas falar a verdade, o Brasil parece não ter jeito mesmo. É futebol e carnaval. Só fico neste país porque gosto! Diferente de boa parte da base aliada, que só fica com Dilma porque ela tem carro e teto. Bom final de carnaval para todos – em junho tem copa do mundo! 


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