24 de dezembro de 2023

Serra Preta terá força para manter o festival de forró?

Mário Ângelo e Janaína Barreto com a coordenadora do festival de Forró Serra Preta, Andréa Pinheiro (centro). 
Diversos festivais de forró acontecem por este Nordeste afora. Até mesmo a capital do Brasil, Brasília, promove um dos maiores festivais de forró do país. Artistas como Mari Fernandez, Xand Avião, João Gomes, Zé Vaqueiro, Tarcísio do Acordeon e Vitor Fernandes já se apresentaram na Arena Mané Garrincha, com o público pagando de 150 a 300 reais pelo ingresso.

Mas o formato do Festival de Serra Preta é mais modesto e também mais popular, onde artistas e públicos se misturam - foi o que presenciamos na I edição, que aconteceu nos dias 1° e 2 de dezembro de 2023. O Festival de Forró Serra Preta foi inspirado no Festival da cidade baiana de Mucugê, organizado pelo forrozeiro Tragino Gondim.

Não há cobranças de ingressos, os músicos famosos não recebem cachê e há uma série de atividades durante os dias do evento. Essa é a estrutura básica dos dois festivais. Quem organiza tem a responsabilidade de garantir a estrutura mínima do festival, que não é tão barata. Palco, som, iluminação, segurança, alimentação, limpeza pública, pessoal de apoio, transporte e publicidade são exigências básicas para que o festival aconteça.

Em Mucugê, o festival chegou a sua 5ª edição e cresce a cada ano. Já Serra Preta experimentou seu primeiro ano de festival e sentiu muita dificuldade para promover. A limitação ficou por conta da carência de recursos financeiros. O poder público municipal pouco ajudou. O próprio prefeito não compareceu ao evento. A coordenadora do Festival de Forró Serra Preta, Andrea Pinheiro, não soube explicar para nossa reportagem a descrença do gestor, mesmo sendo aliada política.

“Qualquer gestor municipal teria o maior prazer em recebem um festival desta natureza, já que o retorno para o município é extraordinário”, avalia o historiador Mário Ângelo Barreto. Em Serra Preta parece que o gestor não avaliou desta forma. O próprio forrozeiro e promotor do evento, Jairo Barboza, chegou a postar um vídeo que chamava a atenção do público. Segundo Barboza, a prefeitura não disponibilizou recursos financeiro para o festival. Disse que o prefeito ficou de doar do próprio bolso uma contribuição, o que foi insuficiente para o equilíbrio financeiro do Festival de Serra Preta.

Targino Gondim, responsável pelo Festival de Mucugê, analisa o evento como um momento de oportunidades para diversos segmentos ligados ao forró. 
Foto Gabriel Carvalho

A ideia dos festivais, segundo Targino Gondim falou ao portal G1, é manter o compromisso com as raízes culturais, promovendo intercâmbio musical entre todas as gerações participantes, de diferentes Estados brasileiros e entre músicos já consagrados, cantores, compositores, produtores, empresários, técnicos, estudiosos, comunicadores e amantes do forró.

O forrozeiro Adelmário Coelho fez homenagens as crianças, quando se apresentou no segundo dia do Festival Serra Preta. Quem circulou e interagiu entre o público, nos dois dias do Festival, foi o apresentador do Globo Esporte Bahia, Danilo Ribeiro. O apresentador não ficou restrito a cidade de Serra Preta, não. Danilo visitou a feira livre do Bravo, gravou samba de roda, inclusive ficou hospedado no distrito, que é o maior centro urbano e comercial do município.

Apesar das limitações da primeira edição do festival, o evento foi muito importante para Serra Preta. Foi o maior encontro de músicos que o município já promoveu. Um sucesso! A dúvida que resta é se os organizadores vão promover a segunda edição, já que o Festival deste ano deixou um déficit orçamentário de quase 34 mil reais. Como o Brasil é um país que investe pouco na cultura, o distanciamento do poder público praticamente elimina a possibilidade de continuidade de qualquer festival popular. Para 2024, a sorte é que a população comece a cobrar do gestor prioridade no festival de forró. Caso aconteça os investimentos necessários, Serra Preta será uma das praças garantidora da agenda dos forrozeiros de nível nacional.

Veja abaixo, um pedacinho da participação da famosa pernambucana Cristina Amaral. A cantora e compositora tem uma carreira de sucesso, inclusive com apresentação internacional.  


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