21 de janeiro de 2022

Contribuintes se organizam em grupos para questionar IPTU

 Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um procedimento para acompanhar o assunto

Manifestação contra distorções na cobrança do IPTU e da taxa do lixo 

A insatisfação contra distorções na cobrança do IPTU e da taxa do lixo tem levado contribuintes soteropolitanos a se organizar em grupos para protestar e buscar uma solução, inclusive em diálogo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que instaurou um procedimento para acompanhar o assunto. 

Segundo o MP, o procedimento vai analisar "a razoabilidade e legalidade da majoração da taxa de lixo, bem como a regularidade da sua utilização e as possíveis distorções do IPTU de imóveis vizinhos".

Este ano, seguindo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de dezembro de 2020 a novembro do ano passado, a prefeitura reajustou em 10,74% o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). Já a Taxa de Coleta, Remoção e Destinação de Resíduos Sólidos Domiciliares (TRSD) teve um aumento de 50%.

Por outro lado, juristas afirmam que há inconstitucionalidade na atual cobrança e atribuem os problemas à reforma feita em 2013, no início da gestão do então prefeito ACM Neto.

"No IPTU, a inconstitucionalidade reside desde 2014, tornando-se mais visível agora, principalmente por conta das disparidades existentes com a utilização das travas apenas para imóveis construídos até 2013, penalizando os empreendimentos entregues a partir de 2014, que não têm direito a trava e, portanto, às vezes tem o IPTU sete vezes maior do que os imóveis vizinhos, cujas características são as mesmas", afirma Karla Borges, professora de Direito Tributário.

O vereador e advogado Edvaldo Brito tem criticado o IPTU da capital desde 2014| 

Moradora de Patamares, a advogada Lineia Costa, do movimento IPTU Justo, relata o seu caso: "No meu condomínio, todos os apartamentos são iguais, com a exceção da cobertura, e tem vários preços diferentes sendo cobrados. Eu pago R$ 6,6 mil e a minha vizinha paga R$ 5,8 mil. A planta é exatamente igual. A gente fez diversos requerimentos administrativos na Secretaria da Fazenda e não tivemos resposta nenhuma". "Em um prédio vizinho, um apartamento com 266 m², tem o IPTU torno de R$ 3 mil, com R$ 100 da taxa de lixo. No meu apartamento, de 110 m², é R$ 6,6 mil, com R$ 1.350 da taxa", acrescenta. Um abaixo-assinado com 1,2 mil assinaturas também foi entregue na pasta e uma audiência realizada com a secretária da Fazenda, Giovanna Victer.

Karla dá outro exemplo de distorção na cobrança: "Um apartamento em Vila Laura construído em 2013 possui o valor venal de R$ 356.473,68 e IPTU 2022 de R$ 485,13. No mesmo condomínio, outro imóvel exatamente igual entregue depois de 2014, portanto, sem trava, tem valor venal de R$ 487.418,00 e o IPTU 2022 de R$ 2.651,86. A TRSD de 2021 era de R$ 644,41 passou em 2022 para R$ 966,62".

O advogado tributarista e vereador Edvaldo Brito (PSD) diz ainda que o prefeito Bruno Reis não cumpriu a lei ao não enviar à Câmara Municipal, no seu primeiro ano de mandato, a atualização da Planta Genérica de Valores (PGV), que serve de base para o cálculo do IPTU. Brito afirma que chegou a alertar o gestor sobre a necessidade de cumprimento da norma, em uma audiência realizada em setembro.

"Acabou o ano e não veio a planta. Em dezembro, ele fez a correção monetária em 10,74% e linear, o que significa que nivelou todo mundo. Imóveis que se valorizaram foram considerados iguais aos que se desvalorizaram. Desobedeceu a Constituição, que determina que o tributo tem que respeitar a localização, o uso e o valor do imóvel. O aumento linear não pode acontecer", aponta o vereador.




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