Mais de 50% de corte da copa da árvore é considerado poda radical ou drástica Foto: Sandro Sena |
Moradores foram surpreendidos com a poda drástica ou radical de árvores no centro do distrito de Bravo, maior centro urbano do município de Serra Preta, durante as festas juninas. A prefeitura municipal foi a responsável pelos cortes das algarobas plantadas nos anos 80 e são referências locais.
Cerca de 10 árvores (Prosopis Juliflora) sofreram poda radical e não agradaram moradores do Bravo - 170 km de Salvador. A internauta Any Batista Santos classificou como "lamentável". O ato do poder
público mudou o visual do centro do distrito. Além da relação
paisagística, é possível comprometer a biodiversidade, já que muitos animais
dispõem apenas das algarobas para se adaptar na área urbana.
O geógrafo Sandro Sena registrou com tristeza a poda e postou
nas redes sociais. Segundo Sena, a poda foi feita sem técnica. Na mesma
postagem, o professor aposentado da UEFS e grande debatedor sobre o
ecossistema, Marialvo Barreto, afirmou que foi uma “mutilação”.
O distrito do Bravo perdeu parte de sua beleza com a mutilação das árvores Foto: Sandro Sena. |
O município de Dourados, Mato Grosso do Sul, possui uma Lei Municipal com o intuito de inibir os cortes de árvores e poda radical. Considera-se poda radical ou drástica, árvores que sofrem mais de 50% de corte de sua copa, sem contar que o ato é tratado como crime ambiental.
Segundo um servidor da prefeitura, que não quis se
identificar, o ato não partiu da autorização do prefeito, mas da vontade
pessoal de um prestador de serviço. Afirmou que o corte foi suspenso para não
prejudicar as outras árvores. De fato, visitamos a praça e não foi constatado o
processo de corte.
Manutenção e importância
As algarobas foram introduzidas pela extinta Emater-Ba nos anos 80 Foto: Sandro Sena |
Não há discordância sobre a manutenção permanente das árvores,
principalmente das algarobas que crescem rápidas e podem causar danos. Porém,
faz-se necessário o manejo técnico, com o objetivo de garantir o sombreamento, o
habitat da fauna e o embelezamento das áreas urbanas.
A algaroba é originária do Peru. Por não exigir muita água,
apresenta bom rendimento mesmo nos períodos de seca. Em Bravo, as algarobeiras
foram introduzidas nos anos 80 pela extinta Emater-Ba - empresa estatal da Bahia.
Muitas árvores foram plantadas no centro urbano em parceria com as escolas públicas locais. A
população também recebeu mudas e até hoje é possível encontra-las em quintais e aos
arredores de residências.
Segundo a Embrapa, a algaroba se adaptou bem na região
semiárida. A leguminosa tem demonstrado uma importante fonte alternativa de
alimentação animal e humana, superando o trigo e o milho em proteínas e
aminoácidos.
Mesmo o prefeito municipal supostamente não autorizando o
corte radical da copa das árvores, não é de hoje que registramos tais práticas.
Gestões passados também permitiram tamanha agressão a flora urbana (links
abaixo). Sem dúvida, já passou da hora do poder público regularizar o plantio e
a conservação das áreas verdes de Serra Preta. Como dizem os bons ecologistas, se
conhece o gestor pela quantidade de árvores plantadas e sua preocupação ambiental.
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