28 de junho de 2021

SERRA PRETA: Árvores do centro do Bravo sofrem poda radical

Mais de 50% de corte da copa da árvore é considerado poda radical ou drástica
Foto: Sandro Sena

Moradores foram surpreendidos com a poda drástica ou radical de árvores no centro do distrito de Bravo, maior centro urbano do município de Serra Preta, durante as festas juninas. A prefeitura municipal foi a responsável pelos cortes das algarobas plantadas nos anos 80 e são referências locais.

Cerca de 10 árvores (Prosopis Juliflora) sofreram poda radical e não agradaram moradores do Bravo - 170 km de Salvador. A internauta Any Batista Santos classificou como "lamentável". O ato do poder público mudou o visual do centro do distrito. Além da relação paisagística, é possível comprometer a biodiversidade, já que muitos animais dispõem apenas das algarobas para se adaptar na área urbana.

O geógrafo Sandro Sena registrou com tristeza a poda e postou nas redes sociais. Segundo Sena, a poda foi feita sem técnica. Na mesma postagem, o professor aposentado da UEFS e grande debatedor sobre o ecossistema, Marialvo Barreto, afirmou que foi uma “mutilação”.

O distrito do Bravo perdeu parte de sua beleza com a mutilação das árvores
Foto: Sandro Sena.

O município de Dourados, Mato Grosso do Sul, possui uma Lei Municipal com o intuito de inibir os cortes de árvores e poda radical. Considera-se poda radical ou drástica, árvores que sofrem mais de 50% de corte de sua copa, sem contar que o ato é tratado como crime ambiental.

Segundo um servidor da prefeitura, que não quis se identificar, o ato não partiu da autorização do prefeito, mas da vontade pessoal de um prestador de serviço. Afirmou que o corte foi suspenso para não prejudicar as outras árvores. De fato, visitamos a praça e não foi constatado o processo de corte.

Manutenção e importância

As algarobas foram introduzidas pela extinta Emater-Ba nos anos 80
Foto: Sandro Sena

Não há discordância sobre a manutenção permanente das árvores, principalmente das algarobas que crescem rápidas e podem causar danos. Porém, faz-se necessário o manejo técnico, com o objetivo de garantir o sombreamento, o habitat da fauna e o embelezamento das áreas urbanas.  

A algaroba é originária do Peru. Por não exigir muita água, apresenta bom rendimento mesmo nos períodos de seca. Em Bravo, as algarobeiras foram introduzidas nos anos 80 pela extinta Emater-Ba - empresa estatal da Bahia. Muitas árvores foram plantadas no centro urbano em parceria com as escolas públicas locais. A população também recebeu mudas e até hoje é possível encontra-las em quintais e aos arredores de residências.

Segundo a Embrapa, a algaroba se adaptou bem na região semiárida. A leguminosa tem demonstrado uma importante fonte alternativa de alimentação animal e humana, superando o trigo e o milho em proteínas e aminoácidos.

Mesmo o prefeito municipal supostamente não autorizando o corte radical da copa das árvores, não é de hoje que registramos tais práticas. Gestões passados também permitiram tamanha agressão a flora urbana (links abaixo). Sem dúvida, já passou da hora do poder público regularizar o plantio e a conservação das áreas verdes de Serra Preta. Como dizem os bons ecologistas, se conhece o gestor pela quantidade de árvores plantadas e sua preocupação ambiental.  

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