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Centro de Porto Alegre está sendo evacuado | Gilvan Rocha/Agência Brasil |
O Rio Grande do Sul vive um dos maiores desastres climáticos de sua história. As fortes chuvas, que já duram dias, causaram, até a noite desta sexta-feira (03), 39 mortes, e deixaram mais de 50 feridos, e 70 desaparecidos; além de cidades debaixo d'água. O temporal ameaça também romper barragens e já afeta a produção de leite e agrícola do estado. Mas, quais são as explicações para tanta chuva?
O meteorologista e coordenador-geral de
Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, explica que o fenômeno é resultado da
junção de diversos fatores. Segundo ele, a onda de calor localizada na região
central do Brasil, com alta pressão atmosférica, leva à formação de ar seco e
quente, que acaba por bloquear a passagem das frentes frias para o norte do
país. "Essas frentes frias vêm da Argentina, chegam rapidamente na Região
Sul e não conseguem avançar. Temos uma sucessão de frentes frias que se
tornaram estacionárias e estão mantendo as chuvas por vários dias".
Seluchi diz ainda que as chuvas são
reflexo do El Niño, que está em etapa final. As mudanças climáticas também
entram na conta, já que a atmosfera e os oceanos estão mais quentes, produzindo
vapor adicional, o que ajuda na formação das chuvas.
Sem prazo para acabar
Seluchi prevê que os temporais ainda
vão perdurar por dias, em razão de um fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico
chamado sistema de bloqueio, que influencia no Brasil. Nesse sistema, conforme
o meteorologista, uma situação atmosférica fica estagnada e persiste por dias.
"Esta situação da chuva
torrencial, infelizmente, deve se manter, com poucas mudanças, pelo menos no
final de semana, com volumes muito elevados, até superiores a 250 milímetros,
especialmente na porção centro-norte do Rio Grande do Sul", disse.
O processo para a absorção do volume de
água também levará dias. "Toda a água que já caiu no estado vai ser
drenada, o que vai levar vários dias para se normalizar".
Porto Alegre alagada
Nesta sexta, o nível do Guaíba, um dos
principais rios do RS, já é o maior desde 1941. Naquele ano, as águas atingiram
4,76 metros, inundando grande parte do centro de Porto Alegre. Ruas do centro
histórico da capital gaúcha e a rodoviária foram tomados pela água e a
população foi orientada a deixar a região. Em mais de 200 municípios houve o
registro de áreas ilhadas, interrupção do abastecimento de energia elétrica e o
rompimento de barragens.
O desastre climático é classificado
como de grande intensidade, o que motivou decreto de calamidade pública pela
prefeitura da capital gaúcha e pelo governo do estado. Ao comentar os estragos
causados pelos temporais, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse, nesta sexta, em Brasília,
que o estado vive a sua ‘maior catástrofe meteorológica’. Ele lembrou a
enchente histórica registrada no Rio Grande do Sul em 1941.
“Nunca vi nada parecido. Conheço
bastante o nosso estado. Já enfrentei várias situações delicadas, dramáticas.
Mas posso assegurar a vocês que nunca houve uma enchente como essa. Quem é
gaúcho sempre ouviu falar na famosa enchente de 1941, histórica. Essa enchente
que estamos enfrentando vai ultrapassar e muito o que aconteceu em 1941”,
afirmou.
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