Em seu delírio racial, o ditador nazista Hitler pensava que um país que considerava povoado por Untermenschen (sub-humanos) seria subjugado em questão de semanas, como havia ocorrido com a Polônia, França e os Países Baixos. O ditador soviético Josef Stalin, desconfiado e impiedoso assassino de multidões, acreditou cegamente –contra informações contrárias das quais dispunha– que a Alemanha não romperia o pacto de não agressão que havia assinado dois anos antes. Seu Exército, dizimado durante os grandes expurgos, não estava, de maneira nenhuma, preparado. O custo de vidas desse terror é impossível de ser medido; mas Hitler não soube calcular a imensidão do espaço soviético, sua capacidade de produção industrial e as centenas de milhares de soldados de reforço enviados para combater dos confins da URSS.
O historiador militar britânico Antony Beevor, um dos grandes especialistas no
conflito, autor de obras como Stalingrado e Berlim
1945. A Queda, responde com um “quase com toda certeza” quando é perguntado
sobre se a invasão selou o destino da Alemanha. “Isso ocorreu pois Hitler não
aprendeu as lições não só da derrota de Napoleão em 1812, e sim principalmente
as da guerra sino-japonesa de 1937, apesar de Chiang Kai Shek contar com
assessores alemães”, diz Beevor por e-mail. “Se um Exército defensor, por mais
mal armado e destreinado que esteja, tem uma enorme massa de terra para se retirar,
então o atacante, por mais bem treinado e armado que esteja, perderá todas as
suas vantagens. A única esperança de vitória de Hitler era transformar a
invasão da União Soviética em outra guerra civil levantando um exército de um
milhão de ucranianos e outros antissoviéticos, como disseram para que ele
fizesse, mas se negou a colocar os Untermenschen eslavos em
uniformes alemães por princípios”.
O último livro do historiador britânico Jonathan Dimbleby, publicado em abril,
deixa claro a partir do título: Barbarossa. How Hitler lost the war (Barbarossa.
Como Hitler perdeu a guerra). “A invasão da União Soviética por parte de Hitler
foi a maior, mais sangrenta e mais bárbara empreitada militar da história”,
escreve Dimbleby. “Quando seus Exércitos chegaram às portas de Moscou, em menos
de seis meses, qualquer perspectiva que Hitler poderia ter de realizar sua
delirante visão de um Reich de Mil Anos já havia se desvanecido”.
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