Presença de jovens garante o fortalecimento da Capina do Monte Foto: facebook de Iuri Cerqueira |
A
tradicional Capina do Monte este ano aconteceu no dia 09 de dezembro. A festa é
organizada pelos moradores da pequena cidade de Serra Preta, 150 km de
Salvador. Sempre uma comissão é escolhida para conduzir a mais
antiga festa negra do município e uma das mais antigas da Bahia.
Dezembro
é mês de sol forte, mas este ano a
Capina do Monte foi surpreendida por um clima úmido e pancadas de chuva,
deixando a caatinga totalmente verde - algo raro para o período!
A
Capina do Monte tem o 15 de dezembro como sua data histórica, mas os
organizadores resolveram comemorar todo segundo domingo do mês de dezembro com
o objetivo de oportunizar uma presença
de um público maior. Este ano, foi a segunda experiência com a data nova. O
evento agora não tem apenas uma data, mas o mês de dezembro como o grande
referencial.
O
sincretismo religioso é presente na Festa da Capina. Trabalho, Fé,
religiosidade e muito samba são as marcas do evento durante todo o dia. Trabalhadores
rurais e simpatizantes sobem o monte na cidade de Serra Preta, rezando e
capinando uma rústica estrada, que começa da base e vai até o cume. Em seguida,
uma pequena charanga percorre as ruas da charmosa cidade do século XVIII.
Serra
Preta é uma típica cidade colonial. O núcleo urbano foi elevado a condição de
Vila em 1722. Ainda hoje, a cidade mantém os traçados do passado com sua
população praticamente negra, casarões antigos, ruas e largo bem
tradicional. Essas características interferem em outras leituras sobre a Capina
do Monte.
Sobre
a Festa
Vereador Simão, Iuri Cerqueira e Mário Ângelo marcaram presença na Capina do Monte |
Não
se sabe ao certo a origem da Capina do Monte. Porém, não há dúvida
de que se trata de uma festa promovida pela comunidade negra, que compõe
absolutamente a população local. A cidade de Serra Preta, com menos de mil
habitantes, é um local tipicamente de raízes
negras. O vereador Sérgio Moreira, defensor das políticas afirmativas
para a negritude, afirma que a Capina do Monte vai para além
da festividade e dos adereços. Para Moreira, a festa surge em comemoração à
abolição da escravatura em 1888.
Segundo
Sérgio Moreira, negar a origem do evento ou mesmo relativizar absolutamente os
principais atores da festa, é tentar de alguma forma ignorar a luta de
resistência e o sofrimento que a comunidade negra de Serra Preta viveu e vive,
mesmo com a abolição do século XIX.
Desafios
A Capina do Monte passa por dificuldades. Mesmo
centenária, a festa se tornou resistência cultural e corre o risco de
desaparecer. Pouco investimento e disputa política atrapalham o crescimento e a
aproximação das novas gerações ao evento.
Este ano, cerca de 200 pessoas participaram da
Capina do Monte. Muito pouco para a importância da festa. "Queremos
fortalecer a Capina do Monte, conservando a tradição e certamente estamos
pensando em novas estratégias juntamente com os organizadores", garantiu o
prefeito Rogério Serafim.
Nas redes sociais, a artista e pesquisadora Renata
Mattar comentou sobre a Capina do Monte e garantiu presença na festa em 2019. A
internauta Eliana Rodrigues achou "muito lindo" a Capina. Já
Nevolandia Santiago parabenizou a relação "fé e tradição", que
caracteriza os mais de 100 anos da Capina do Monte.
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