MARCOS WELINTON FREITAS
"Os livros nos ajudam a pensar, nos tornam mais sensíveis e humanos"
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Marcos Freitas e seu novo livro "Badalos do Século XXI" |
O nosso blog entrevistou, através da rede social, o jovem escritor Marcos Welinton Freitas, 20 anos, estudante de Economia – UEFS e que lançou recentemente mais um livro de poesia intitulado "Badalos do Século XXI". Freitas se diz amante da leitura e não vive sem. Na entrevista, o escritor aborda as dificuldades para se publicar um livro no Brasil e afirma que tudo e todos servem de inspiração para escrever suas poesias. Natural do Bravo, Distrito de Serra Preta, Marcos Freitas surge como uma grande novidade no mundo do saber e sem dúvida é exemplo a ser seguido. O novo livro do jovem escritor pode ser adquirido no site da Editora Penalux.
Blog: Como
decidiu seguir a carreira de escritor?
Foi uma coisa natural. Aconteceu... Na verdade eu não
escolhi, apenas cedi ao desejo de escrever. Sempre gostei muito de leitura, e
desde pequeno já escrevia histórias. Depois de um tempo enveredei pela poesia,
e não consegui mais parar. Nunca pensei que um dia me veria publicando livros,
na verdade nunca tive esse sonho, escrevia, e até hoje escrevo porque me é uma
necessidade, não sei se saberia viver sem escrever. Na verdade não viveria. É
uma compulsão, é quase um vício, um remédio do qual eu tenho que tomar doses
diárias. É como uma grande represa que rompe a barragem e precisasse ser
contida em algum lugar. É o que acontece, algo lá dentro se manifesta e eu
preciso me livrar daquilo, mas não me livrar totalmente, tenho que deixar
aquela parte de mim ao meu alcance. Sophia de Mello Breyner já dizia "a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens". Faço
dela as minhas palavras. Acho que isso basta!
Blog: Seu novo
livro, "Badalos do Século XXI", aborda sobre o
que?
É um livro de poesias que tem um
foco na observação dos acontecimentos que marcam o inicio deste século. Aborda
temas variados relacionados à política, a sociedade, a cultura, e a própria
construção da identidade do homem em um século marcado por um caldeirão de
ideias que a todo o momento estão em choque. Ideias de liberdade e de
repressão, ideias de direito e da “construção” de outros direitos que de uma
forma ou de outra ferem a moral que é à base da nossa sociedade.
Blog: Onde você se inspira para abordar os temas de suas poesias?
Tudo me inspira. Filmes, músicas, fotos, noticias, pinturas,
esculturas, pedras, flores. Acho que não existe uma cosia especifica que me proporciona
inspiração. A leitura de outros textos, contos, crônicas e poesias, também me
inspiram, principalmente autores como Gullar e Lispector, que eu considero meus
mestres.
Blog: Ainda há espaço para os livros tradicionais no mundo das imagens
televisivas e da internet?
Existe um espaço, não sei qual a
dimensão desse espaço, mas em um mundo onde os best sellers são super
valorizados, os clássicos acabam cedendo seus lugares para esses livros. Porém
eles ainda vendem, a prova disso é o livro Toda Poesia de Leminski que ficou
semanas em primeiro lugar dos livros mais vendidos de várias livrarias
brasileiras.
Blog: Quais as principais dificuldades para se publicar um livro no
Brasil?
Achar uma boa editora e leitores
para seu livro!... Por isso alguns autores optam por escrever em blogues e
formar um publico leitor, para que depois publiquem. Por que as editoras são
empresas, empresas são capitalistas, e se eles não tiverem a certeza de que
você vai vender, eles não vão te publicar. E se você não é um autor consagrado
e não escreve na linha best seller de literatura fantástica ou erótica, isso se
torna muito mais difícil. Existem editoras como a Penalux
(onde publiquei meu livro), Patuá e outras que estão de braços abertos para
esses autores que são rechaçados pelas grandes empresas capitalistas que só
visam o lucro.
Blog: Você acredita que o ensino brasileiro está incentivando o gosto
pela leitura?
Não sei se o ensino brasileiro
está incentivando o gosto pela leitura, mas pesquisas atuais dizem que os
brasileiros estão lendo mais, acho que esse ano ouve uma queda, não sei os
dados reais, mas uma queda na quantidade de leituras por ano e não no publico
leitor. Entretanto, ainda é um numero pequeno e as leituras como eu já disse
antes estão vinculadas aos best seller, mas pelo menos se lê. Isso já é uma
vitória.
Blog: Você nasceu numa região onde a leitura ainda não se destaca. O
que é possível fazer para mudar esta realidade?
Acho que o incentivo deve partir
dos educadores, mas não só deles, deve haver interesse da parte dos alunos. Eu
por exemplo tive ótimos professores de literatura no colégio, e fora graças a
eles que eu hoje escrevo, mas eu também tinha o incentivo da minha mãe em casa,
que era uma leitora voraz na sua juventude. E meus colegas, alguns deles quando
me viam lendo se interessavam pela leitura também, mas outros nem faziam
questão, para eles era perda de tempo. E é essa a ideia que a maioria dos
jovens tem em mente, é perda de tempo. Com tantas outras coisas para fazer
como: vasculhar o facebook, jogar futebol e etc, por qual motivo pelo amor do
santíssimo eles perderiam tempo lendo? Já chegaram a me dizer que eu
iria enlouquecer de tanto ler. Alguns não suportavam a Clarice Lispector por
que eu sempre carregava um livro dela na mochila. “Essa mulher é louca” diziam.
Eu, na verdade não sei como
agir, por que de um lado você tem os professores que incentivam, mas em casa
não vai haver incentivo, e muitas vezes nessa região onde moramos a realidade
das crianças e adolescentes é cruel.
Blog: O poeta Castro Alves dizia que “Bendito o que semeia Livros... E manda o
povo pensar!”. Qual a contribuição que novos livros
podem trazer para a sociedade atualmente?
Os livros nos ajudam a pensar, nos tornam mais sensíveis e
humanos. René
Descartes já dizia “A leitura de todos bons
livros é como uma conversa com os melhores espíritos dos séculos passados , que
foram seus autores , e é uma conversa estudada , na qual eles nos revelam seus
melhores pensamentos. Acho que esse pensamento resume tudo que penso, mas não
só a leitura dos clássicos, mas também a dos novos autores, são mentes
“frescas” tentando entender o mundo em que nós vivemos.
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Fotos facebook da página pessoal de Marcos Freitas
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Livro: Badalos do Século XXI
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