7 de janeiro de 2022

Entrou em vigor a CIP: Conta de luz mais cara em Serra Preta

 "Esse tipo de carga tributária dificulta o desenvolvimento do município", afirma professor Antônio Pinheiro

Gestão de Franklin Leite ressuscita a CIP, mas Adeil critica o retorno da contribuição nas redes sociais
Foto: Internet

Janeiro de 2022 não começou fácil para os serrapretenses. Depois do prefeito Franklin Leite nomear sua esposa, Lorena Silva de Oliveira Leite, para o cargo de Secretária Municipal de Assistência Social no último dia 03, entrou em vigor a Lei nº 590/2021 de 18 de junho que institui a CIP (Contribuição de Iluminação Pública) em todo município de Serra Preta.

A partir de janeiro, todo morador de Serra Preta que consumir acima de 30 kwh pagará uma contribuição na sua conta de luz de acordo com o consumo. A CIP tem respaldo jurídico por força da emenda Constitucional n° 29, onde autoriza os municípios cobrarem ou não através de Lei própria. 

Prefeito e vereadores comemoram a aprovação do auxilio emergencial, que será pago com os recursos da CIP. Foto: Instagram Franklin Leite

Em Serra Preta, o projeto da contribuição foi encaminhado pelo prefeito atual, Franklin Leite (DEM), e aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores sem discutir com a população. A aprovação em 2021 causou muita polêmica e pegou os moradores de surpresa. Muitos acreditavam que o prefeito iria recuar e arquivar o projeto, já que o município sofre muito com os impactos da pandemia. Porém, a justificativa da aprovação de uma contribuição permanente era destinar recursos para um auxílio emergencial temporário, denominado “Serra Preta com você” (sic).

O pacote de maldades

2002 não começa fácil para os serrapretenses

A Contribuição de Iluminação Pública - CIP, embora seja legal, é encarada por muitos como um “pacote de maldades”. O atual prefeito nunca defendeu a medida em campanha e lançou o projeto sem discussão com a comunidade. Segundo a Lei, ficam isentos da Contribuição para Custeio dos Serviços de Iluminação Pública – CIP, os consumidores da classe residencial com consumo até 30 KWh – considerado irrisório mesmo por muitos partidários do prefeito que defendem a contribuição. Residência que consumir acima de 2000 kwh terá 80% de acréscimo em sua conta de energia.

Antônio Pinheiro diz que CIP sacrificará a população de Serra Preta. Foto: Arquivo Pessoal

O artigo 14 da Lei não cria critérios de isenção para o comércio e a indústria. Ao contrário, esses setores pagarão um percentual ainda maior, podendo chegar até 400% no caso da indústria que consumir acima de 3000 kwh. Para o professor aposentado do SENAI, Antônio Pinheiro, "esse tipo de carga tributária dificulta o desenvolvimento do município, sacrificando a população como um todo".

O distrito de Bravo, maior centro comercial do município, sentirá de imediato o impacto da cobrança da CIP pela prefeitura. Como demonstra a tabela (clique na Lei), comerciantes irão pagar de 1,5% até 120% caso consuma 30 kwh a 3000 kwh, respectivamente.

O fantasma da CIP

 “As crianças ficam mais tempo em casa por causa da pandemia. A tendência é aumentar o consumo de energia com o estudo remoto”

Alex Matos aguarda decisão judicial contra a prefeitura de Serra Preta há algum tempo
Foto: Arquivo do Blog

A Contribuição de Iluminação Pública persegue os moradores de Serra Preta há algum tempo. O ex-prefeito Adeil Figueiredo conseguiu aprovar a CIP e recolheu por meses a contribuição. Porém, no final do mandato, encaminhou um outro projeto eliminando a contribuição que seu próprio governo criou. Para o professor Sandro Sena, “a crítica da população e o interesse da reeleição foram decisivos para o recuo. Hoje, o ex-prefeito Adeil é vice-prefeito e a população ganhou a CIP como 'presente de grego' novamente”, avaliou o geógrafo.  

O servidor do Corpo de Bombeiro, Alex Matos, avalia que a cobrança veio num “péssimo Momento”. Matos aguarda decisão judicial contra a prefeitura de Serra Preta há algum tempo. O servidor deseja sentença favorável de “cobranças indevidas da CIP criada em março de 2009 e revogada em março de 2012”, declarou.

Além da espera judicial, Alex Matos avalia a atual CIP como mais uma despesa para as famílias, que foram pegas de surpresa. “As crianças ficam mais tempo em casa por causa da pandemia. A tendência é aumentar o consumo de energia com o estudo remoto”. De fato, a necessidade de se proteger em sua residência, por maior tempo, pesará no bolso das famílias, principalmente dos mais pobres e desempregados.

Vice-prefeito Adeil critica a medida de Franklin Leite e diz contra a contribuição
Foto: site Interior da Bahia
Até o momento, o prefeito municipal, Franklin Leite, não se pronunciou sobre os efeitos da CIP a partir de agora. Oposição e até mesmo a base do seu governo defendem uma correção na tabela. O próprio Adeil, pai da CIP em 2009 e vice-prefeito atualmente, disse na rede social que errou no passado e se coloca agora contra a contribuição. “Numa pandemia dessa, numa dificuldade dessa, o prefeito Franklin coloca esse projeto e ainda nesse percentual, e os vereadores aprovam. Um absurdo, viu; um absurdo! Sou contra isso aí" – disse Adeil contra seu aliado.


*Acesse a Lei para ter acesso a Tabela integral



Leia
Ex-prefeito Adeil cria e acaba com a CIP



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