22 de março de 2019

Boquira: a história da cidade arrasada por um padre e uma mineradora francesa

O livro “Boquira”. Foto: Aratu Online
O livro “Boquira” é uma denúncia sobre a visão colonial ou imperialista que o povo brasileiro sofre durante toda a sua história. O livro foi escrito pelo jornalista Carlos Navarro Filho e lançando em 2018 na Casa do Comércio em Salvador.

Navarro expõe a atrocidade sofrida pela cidade de Boquira, 672 km de Salvador, nos anos 50, mas que marca até os dias de hoje o destino daquele povo no Centro-Sul baiano. Segundo o jornalista, terras de Boquira foram desapropriadas para ceder a uma empresa estrangeria autorização na exploração de chumbo.

“Tudo começou quando um padre chegou ao povoado e avistou o chamado ‘Morro do Pelado’, onde encontrou algumas pedras, que acreditava ser ouro”, revela o site Baianolandia. O minério foi encaminhado para o Rio de Janeiro e submetido a análise.

Não foi possível constatar a presença de ouro, mas foi evidenciada concentração de chumbo com viabilidade econômica. Segundo o site, o Padre, nome não revelado, retornou à cidade e enganou a todos ao pedir para assinar ‘uma espécie de petição’.

“Na verdade, ele (Padre) enganou a todos e fez um requerimento para fazer uso das terras, e mais tarde as vendeu para uma empresa mineradora explorar o chumbo na região. Centenas de famílias foram prejudicadas por conta da ação desse padre” – conta Carlos Navarro Filho.

Em entrevista ao Aratu Online, Navarro revela que a empresa francesa se comprometeu a levar água potável a Boquira, mas o resultado foi contaminar as reservas de água da região com resíduo de chumbo. O jornalista denuncia que moradores foram perseguidos e mortos, na época, ao questionar a presença da empresa francesa na região.

Para Carlos Navarro, as consequências para a cidade de Boquira são imensuráveis. Na época, a empresa francesa contou com o apoio do governador da Bahia, Antônio Balbino, e do regime militar. Inicialmente, a empresa francesa seduziu uma parte da população, promovendo festas, partidas de futebol e banquetes. Em seguida se apropriou, não só da vida econômica, mas passou a decidir na política local, elegendo prefeitos e controlando resistência.

Vale a pena: entrevista no Aratu online



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