Cerca de 200 famílias do bairro de Massaranduba enfrentam situação precária, desde que foram expulsas dos imóveis após ação de reintegração de posse da Conder, órgão do governo do estado.
"Meu desejo é ter minha casa e tudo
que eu construí e eles derrubaram. Estou vivendo de doações", afirmou a
dona de casa Tailane Nunes, de 25 anos, que teve a casa demolida após uma ação de
reintegração de posse no bairro de Massaranduba, em Salvador. A ação, que gerou protestos e confusão, foi feita pela
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) no dia 28 de
janeiro.
O G1 foi até o
local nesta quarta-feira (6) e encontrou um cenário de destruição e de
resistência. Do lado direito da rua, para quem entra no local vindo do final de
linha de Massaranduba, é possível ver o rastro deixado pela demolição e o que
restou das casas onde moravam cerca de 200 famílias. Muitas madeiras quebradas
se misturam com a poeira.
Segundo os moradores, no dia da
demolição, policiais chegaram no local e os retiraram dos imóveis à força. Por
conta disso, muitos que não tiveram para onde ir vivem na rua, em frente à
antiga moradia, revivendo o passado e com medo do futuro.
Tailane Nunes morava no assentamento que
foi destruído há um ano. Ela vivia em um barraco com sala, cozinha e quarto,
junto com o marido e os dois filhos. Do dia 28 de janeiro até esta quarta-feira
(6), a dona de casa não para de pensar em como vai cuidar dos filhos.
Entenda o
caso
No dia 28 de janeiro, os
moradores informaram que os policiais os retiraram dos imóveis à força.
Barulhos de bombas foram ouvidos no local.
Segundo informações da Polícia
Militar, equipes do órgão e do Batalhão de Choque, junto com uma equipe da
Conder, foram até o assentamento para uma ação de reintegração de posse de
terreno.
Moradores informaram que
receberam notificação da Conder no dia 25 de janeiro sobre a retirada das
casas.
Já a Conder disse que os
moradores receberam a notificação nos dias 9 e 10 de janeiro, e que o órgão
disponibilizou caminhões para as famílias tirarem os pertences do local.
Ainda segundo a Conder, 174
unidades habitacionais estão sendo construídas.
Cerca de 700 pessoas atualmente
são beneficiárias de aluguel social enquanto aguardam reassentamento
definitivo.
No dia 30 de Janeiro, a Conder
informou que não sabia da determinação da Justiça da suspensão de
desapropriação das casas no bairro da Massaranduba.
Segundo a Defensoria Pública,
mesmo sem receber o documento, o prazo de demolição foi descumprido. A data
final para que as famílias deixassem o local era 31 de janeiro.
No dia 4 de fevereiro, uma
reunião foi realizada pela Defensoria Pública do Estado com os moradores, mas
não estipulou nenhum prazo para que a Conder aloje as pessoas prejudicadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe do blog deixando sua mensagem, nome e localidade de onde escreve. Agradecemos.