8 de fevereiro de 2019

Famílias que tiveram casas demolidas em assentamento de Salvador moram na rua e vivem de doações

Cerca de 200 famílias do bairro de Massaranduba enfrentam situação precária, desde que foram expulsas dos imóveis após ação de reintegração de posse da Conder, órgão do governo do estado.


"Meu desejo é ter minha casa e tudo que eu construí e eles derrubaram. Estou vivendo de doações", afirmou a dona de casa Tailane Nunes, de 25 anos, que teve a casa demolida após uma ação de reintegração de posse no bairro de Massaranduba, em Salvador. A ação, que gerou protestos e confusão, foi feita pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) no dia 28 de janeiro.

G1 foi até o local nesta quarta-feira (6) e encontrou um cenário de destruição e de resistência. Do lado direito da rua, para quem entra no local vindo do final de linha de Massaranduba, é possível ver o rastro deixado pela demolição e o que restou das casas onde moravam cerca de 200 famílias. Muitas madeiras quebradas se misturam com a poeira.

Segundo os moradores, no dia da demolição, policiais chegaram no local e os retiraram dos imóveis à força. Por conta disso, muitos que não tiveram para onde ir vivem na rua, em frente à antiga moradia, revivendo o passado e com medo do futuro.

Tailane Nunes morava no assentamento que foi destruído há um ano. Ela vivia em um barraco com sala, cozinha e quarto, junto com o marido e os dois filhos. Do dia 28 de janeiro até esta quarta-feira (6), a dona de casa não para de pensar em como vai cuidar dos filhos.


Entenda o caso


No dia 28 de janeiro, os moradores informaram que os policiais os retiraram dos imóveis à força. Barulhos de bombas foram ouvidos no local.

Segundo informações da Polícia Militar, equipes do órgão e do Batalhão de Choque, junto com uma equipe da Conder, foram até o assentamento para uma ação de reintegração de posse de terreno.

Moradores informaram que receberam notificação da Conder no dia 25 de janeiro sobre a retirada das casas.

Já a Conder disse que os moradores receberam a notificação nos dias 9 e 10 de janeiro, e que o órgão disponibilizou caminhões para as famílias tirarem os pertences do local.
Ainda segundo a Conder, 174 unidades habitacionais estão sendo construídas.

Cerca de 700 pessoas atualmente são beneficiárias de aluguel social enquanto aguardam reassentamento definitivo.

No dia 30 de Janeiro, a Conder informou que não sabia da determinação da Justiça da suspensão de desapropriação das casas no bairro da Massaranduba.

Segundo a Defensoria Pública, mesmo sem receber o documento, o prazo de demolição foi descumprido. A data final para que as famílias deixassem o local era 31 de janeiro.

No dia 4 de fevereiro, uma reunião foi realizada pela Defensoria Pública do Estado com os moradores, mas não estipulou nenhum prazo para que a Conder aloje as pessoas prejudicadas.


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