Mário Ângelo discutindo sobre intolerância religiosa |
Na verdade, foi um grande
aprendizado para todos nós. Dividir a mesa com o Dr. João Eures, Prof. Jorge
Nery, Dra. Claudia Sepúlveda, Prof. Sérgio Tranzilla e Andrey Sá é sempre o
desafio e um prazer muito grande. Discutimos das religiões afros ao paganismo,
das religiões cristãs ao ateísmo. A tolerância foi o elo comum, o que garantiu
a irmandade.
Como há muito tempo não
frequento nenhuma religião, nem mesmo fui batizado quando garoto – posição familiar
que agradeço até hoje, preferi relacionar a intolerância religiosa com a
relação de poder, a partir da Legislação e de práticas de favorecimento da máquina
estatal para determinados segmento religioso.
O engraçado disso tudo é que
todos os dias exemplos surgem. O que têm de prefeitos que tentam impor sua
crença, utilizando o dinheiro público a favor de eventos religiosos. No final
do debate, uma aluna utilizou a palavra para perguntar a mesa sobre o projeto
de Lei aprovado pela Câmara Municipal de Feira de Santana, que obriga as
escolas públicas a lerem a bíblia (sic).
Foi ponto comum o
reconhecimento discriminatório que as religiões afros sofrem no Brasil. Há
também um olhar desigual para os cidadãos que não adotam nenhuma religião ou
mesmo neguem a verdade de todas existentes. Neste sentido, citei a Constituição
da Rússia, onde garante a liberdade religiosa, inclusive protege os indivíduos que
não professa religião alguma.
Mas o mundo contemporâneo
não esta fácil para o campo da tolerância. A liberdade individual e coletiva é
atacada todos os dias. Mesmo na Rússia foi possível ler, este ano, a repressão
que uma determinada religião de origem norte-americana sofreu naquele país.
Talvez nem precise falar das dificuldades que os muçulmanos sofrem nos EUA e em
diversas partes da Europa, associando os seguidores de Alá ao terrorismo.
Na Bahia, principalmente na
capital, conhecida como a Roma Negra, os terreiros de candomblés são discriminados
e perseguidos por religiões neopentecostais. Ano passado, estive na cidade de
Cachoeira e conversei com Mãe Preta, uma guerreira contra a intolerância religiosa
e o racismo. Mãe Preta chegou a afirmar que melhora ocorreu, mas ainda há um
longo caminho a percorrer na luta pela igualdade. Sejamos ‘intolerantes’ com a
intolerância e toda forma de discriminação! Que o mundo aprenda com seus
próprios erros e que sejamos capazes de tomar consciência sobre nós mesmo e a
natureza que nos cerca, com respeito às subjetividades de cada cidadão.
Mário Angelo S. Barreto
Professor de História
Professor de História
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