Zezéu Ribeiro na posse no Tribunal de Contas do
Estado da Bahia (Foto: Divulgação/TCE)
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Já escrevi esta história no facebook e volto a lembrar. Na
campanha para governador da Bahia em 1998, participei de uma reunião no
Sindpetro para escolher o candidato do PT para a disputa. Ninguém queria se
candidatar. Defendi o nome de Pinheiro, mas seu gabinete preferia a reeleição
para Deputado Federal, assim como Wagner e outros parlamentares. Ninguém queria
correr o risco de ficar sem mandato, já que a vitória de Cesar Borges (PFL) era
inquestionável e possivelmente o candidato João Durval ficaria em segundo. O PT
ainda não ameaçava o carlismo.
Caixa zero para a campanha, desmotivação dos líderes... Neste
dia discursei, não aceitava a estratégia do umbigo e quase chamava a galera de ‘covarde’
(kkkk). No final da discussão, Zezéu faz uso do microfone e disse: “se ninguém
deseja colocar seu nome, eu faço o sacrifício”. Muitos aplausos! Zezéu abriu
mão de uma eleição confortável para o parlamento e se candidatara para
governador.
À tarde, foi decidido que o lançamento, primeiro comício,
seria no município de Santo Sé, mas sem recursos financeiros o ato teve que ser
cancelado. Tudo era difícil. Mas logo a surpresa: Zezéu ficou em segundo lugar
naquela eleição.
Cesar Borges ganhou para governador, mas o futuro ficou com o
PT. A segunda colocação na disputa deu ao PT a responsabilidade de vencer o
carlismo. João Durval ficara em terceiro. Foi à derrota do PT mais vitoriosa na
Bahia, graças à atitude de um verdadeiro líder, que abriu mão de interesses de
grupo para a disputa de um projeto coletivo. A hegemonia do PT hoje no Estado
se deve muito a Zezéu Ribeiro, que faleceu nesta quarta-feira (25) em São Paulo à espera do
transplante de fígado.
Nunca falei isso pessoalmente a Zezéu. A última vez que
encontrei com Zezéu foi no município de Anguera, já há um bom tempo, para
reclamar do direcionamento do partido. Zezéu concordou em parte, fez crítica à
valorização do projeto de poder, em detrimento aos programas históricos, mas
disse que continuava o mesmo. Na ocasião, Zezéu estava em Anguera tentando
registar o Diretório Municipal naquela localidade. Descanse em paz,
companheiro!
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