16 de dezembro de 2013

Serra Preta: mais uma edição da Capina do Monte


Serra Preta foi fundada em 1722
Foto arquivo

Aconteceu domingo, 15, a Capina do Monte em Serra Preta, uma das festas populares mais tradicionais da Bahia. Ninguém do município sabe a data exata que o evento começou, mas é certo que a Capina do Monte já ultrapassa os 200 anos de realizações. 

O nome Serra Preta é derivado da longa sombra florestal encobria a cidade bem antes do sol se esconder no sertão. Serra Preta é situada numa região estratégia e servia de passagem obrigatória entre os aventureiros do litoral e o desafiador semiárido no século XVIII. 

Em 1722, a Capela de Nossa Senhora do Bom Conselho foi erguida próxima ao tanque dos milagres, nascente de rio, onde extinto. O lago agoniza, mas ainda sobrevivem para orgulho de poucos e desconhecimento de muitos. Certamente, o massacre dos índios Paiaiá fora necessário para os portugueses e seus descendentes assumirem o controle da região, impondo a produção do lucro e do trabalho escravo da negritude.

É nesse cenário de conquista, injustiça e de forte religiosidade que surge a Campina do Monte. A festividade é um verdadeiro sincretismo, entre o profano e o religioso. Além disso, a base da festa é a repetição do trabalho braçal, tão necessário em outras épocas. Ao amanhecer, fogos de artifício explodindo no céu indica o início do evento. Por volta de 09h, moradores sobem o morro capinando a estrada, que dá acesso ao cume do monte. É um teste de resistência, que chega ao fim por volta das 14h. Em seguida, uma banda de sopro espera os verdadeiros heróis no pé do morro, que a descer cai no samba pelas ruas da cidade. A partir daí, o final da festa fica por conta da energia dos participantes.

POUCO INVESTIMENTO

Atualmente, pouco mais de 30 homens enfrentam a dura tarefa de capinar o monte do início ao fim.  É visível a presença de senhores com mais de 60 anos, que acreditam no poder renovador da Capina do Monte. Além de capinar os espinhos e a vegetação seca do monte, eles enfrentam um terreno pedregoso, rezando desde o começo. É um verdadeiro ritual e só quem tem fé entende a verdadeira missão.

Por outro lado, muitos se queixam da pouca participação da comunidade. Para os participantes, a falta de estrutura, o abandono das raízes históricas e praticamente nenhuma divulgação pela grande mídia desagregam valor ao evento, afastando de vez à população. 

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