Serra Preta foi fundada em 1722 |
Foto arquivo |
Aconteceu domingo, 15, a Capina do Monte em Serra Preta, uma
das festas populares mais tradicionais da Bahia. Ninguém do município sabe a
data exata que o evento começou, mas é certo que a Capina do Monte já
ultrapassa os 200 anos de realizações.
O nome Serra Preta é derivado da longa sombra florestal
encobria a cidade bem antes do sol se esconder no sertão. Serra Preta é situada
numa região estratégia e servia de passagem obrigatória entre os aventureiros
do litoral e o desafiador semiárido no século XVIII.
Em 1722, a Capela de Nossa Senhora do Bom Conselho foi
erguida próxima ao tanque dos milagres, nascente de rio, onde extinto. O lago
agoniza, mas ainda sobrevivem para orgulho de poucos e desconhecimento de
muitos. Certamente, o massacre dos índios Paiaiá fora necessário para os
portugueses e seus descendentes assumirem o controle da região, impondo a
produção do lucro e do trabalho escravo da negritude.
É nesse cenário de conquista, injustiça e de forte
religiosidade que surge a Campina do Monte. A festividade é um verdadeiro sincretismo,
entre o profano e o religioso. Além disso, a base da festa é a repetição do
trabalho braçal, tão necessário em outras épocas. Ao amanhecer, fogos de
artifício explodindo no céu indica o início do evento. Por volta de 09h,
moradores sobem o morro capinando a estrada, que dá acesso ao cume do monte. É
um teste de resistência, que chega ao fim por volta das 14h. Em seguida, uma
banda de sopro espera os verdadeiros heróis no pé do morro, que a descer cai no
samba pelas ruas da cidade. A partir daí, o final da festa fica por conta da
energia dos participantes.
POUCO INVESTIMENTO
Atualmente, pouco mais de 30 homens enfrentam a dura tarefa
de capinar o monte do início ao fim. É
visível a presença de senhores com mais de 60 anos, que acreditam no poder
renovador da Capina do Monte. Além de capinar os espinhos e a vegetação seca do
monte, eles enfrentam um terreno pedregoso, rezando desde o começo. É um
verdadeiro ritual e só quem tem fé entende a verdadeira missão.
Por outro lado, muitos se queixam da pouca participação da
comunidade. Para os participantes, a falta de estrutura, o abandono das raízes
históricas e praticamente nenhuma divulgação pela grande mídia desagregam valor
ao evento, afastando de vez à população.
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