21 de junho de 2017

Noruega adota tom duro durante visita de Temer nesta quinta

O ministro do meio ambiente, Vidar Helgesen
Foto: Nina Hansen/ Dagbladet
O encontro do presidente Michel Temer com autoridades da Noruega, onde ele desembarca nesta quinta-feira (22) para visita de dois dias, promete ser tenso. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o tom da recepção foi sinalizada em carta enviada ao governo brasileiro pelo ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês Vidar Helgesen, na qual ele aponta preocupação com propostas em andamento no Brasil, como a implantação de regras mais frouxas de licenciamento ambiental e a redução na proteção de unidades de conservação. "O Brasil demonstrou na última década que não é necessário haver uma dicotomia entre expandir a produtividade agrícola e a proteção das florestas. E ainda que seja compreensível a pressão pela execução mais eficiente de investimentos em infraestrutura, tampouco precisa ocorrer à custa de normas ambientais", afirma Helgesen. 

A Noruega é o maior financiador do Fundo Amazônia, que é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em entrevista à Folha, o ministro norueguês avalia que houve avanços no combate ao desmatamento na última década, mas que tem havido um “desenvolvimento preocupante nos últimos anos”.  “Temos um diálogo muito bom e franco com as autoridades brasileiras sobre o que pode ser feito para voltar ao rumo correto. A Noruega não está implantando políticas públicas no Brasil, esse papel cabe apenas ao governo brasileiro. A nossa abordagem é baseada apenas em resultados”, disse, sinalizando eventuais cortes de investimento caso a atual política ambiental se mantenha. “Se o desmatamento cair, haverá fundos noruegueses. Caso cresça, haverá muito menos ajuda, porque se trata de honrar resultados baseados em políticas públicas nacionais”. 

Segundo Helgesen, a Noruega investe no país por considerá-lo uma referência possível na área de meio ambiente. “O Brasil tem a maior floresta tropical do mundo. Além disso, dado o progresso da última década, estabeleceu um exemplo para outros países. É por isso é que temos um bom diálogo com o Brasil sobre a República Democrática do Congo e outros lugares, esperando ver a repetição de algumas boas práticas. O Fundo Amazônia é realmente um modelo fantástico para outros países”, citou. 

Questionado sobre a mensagem que seria apresentada a Temer, ele informou que será reconhecer as conquistas sólidas do Brasil na última década, ressaltar que vemos tendências preocupantes neste momento e que há iniciativas políticas que podem também ter um efeito adverso na floresta”. O ministro afirma que as autoridades querem ouvir de Temer “sua perspectiva sobre isso” e ressaltar que o financiamento é baseado em resultados.


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