18 de maio de 2016

Ex-ministro José Dirceu é condenado a 23 anos de prisão

Ex-ministro José Dirceu é condenado a 23 anos de prisão  Heuler Andrey/AFP
Dirceu está preso desde 3 de agosto do ano passadoFoto: Heuler Andrey / AFP
José Dirceu de Oliveira e Silva, o Zé Dirceu, um dos mais carismáticos líderes da história da esquerda brasileira, corre o risco de passar a velhice atrás das grades. Aos 70 anos de idade, ele acaba de ser condenado à prisão, a segunda vez em uma década. Desta vez, uma pena altíssima para os padrões brasileiros: 23 anos, pelos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. 
Ex-líder estudantil, ex-guerrilheiro com treinamento em Cuba (onde fez plástica para evitar reconhecimento), ex-deputado federal, ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT (que ele ajudou a fundar, nos Anos 80), Dirceu está preso desde 3 de agosto do ano passado. Ele cumpre prisão preventiva no Complexo Médico-Penal de Pinhais, no Paraná, e lá deve permanecer, agora para cumprir a pena a que foi sentenciado.
A condenação foi ordenada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que julga casos da Operação Lava-Jato (voltada para desvios de dinheiro na Petrobras). Dirceu foi preso após a constatação de que movimentou, dentro da sua empresa JD Consultoria, R$ 71,4 milhões desde 2007, quantia em parte não justificada. Naquele ano ele já estava denunciado no processo do mensalão (pelo qual o governo federal pagava parlamentares para ganhar apoio em determinadas votações). As movimentações irregulares aconteceram mesmo após o ex-ministro ter sido condenado naquele episódio, em 2012, fato ressaltado como "grave" pelo juiz Moro.
Na sentença proferida nesta quarta-feira, Moro diz que Dirceu usou laranjas para realizar operações ilegais, inclusive após a realização das primeiras fases da Lava-Jato. O Ministério Público Federal (MPF) responsabiliza José Dirceu por 31 atos de corrupção passiva entre 2004 e 2011. Foram decretados também o sequestro de imóveis e o bloqueio de contas bancárias dele.
Em sua decisão, Moro diz que "o mais perturbador" em relação a José Dirceu é que ele recebeu propina e lavou dinheiro inclusive enquanto estava sendo julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo caso do Mensalão. Segundo o juiz, há registro de recebimentos indevidos por Dirceu pelo menos até novembro de 2013. "Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito. Agiu, portanto, com culpabilidade extremada", descreveu Moro na sentença.
O jornalista Paulo Henrique Amorim comenta a sentença de José Dirceu

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