Programas de redução da pobreza foram impulsionados por alta das commodities na última década. Foto: WikiCommons / Flickr / Maria Hsu |
A crise, porém, não
precisa significar o abandono das políticas de redução da pobreza que retiraram
24,6 milhões de brasileiros da miséria de 2001 a 2013, mesmo porque os
programas de transferência de renda custam relativamente pouco e são
comprovadamente eficazes, segundo o Diagnóstico Sistemático de País para o Brasil — documento elaborado
pelo organismo internacional.
Em 2014,
iniciativas de assistência social direta aos pobres representaram 7,7% dos
gastos primários do governo brasileiro. Consideradas as despesas com saúde
básica, pré-escola e ensino fundamental, o valor sobe para 16,4%.
O percentual, no
entanto, continua bem abaixo do montante de benefícios previdenciários
concedidos aos não pobres (28,9%) — recursos que movimentam um sistema de
gastos rígidos e considerado “explosivo” pelo Banco Mundial. A proporção
do orçamento público dedicada à previdência ultrapassa as fatias dedicadas a
educação, saúde e ensino superior somadas (28,6%).
Para o organismo
financeiro, o momento atual exige reformas capazes de renovar o ciclo de
combate à pobreza e solucionar problemas estruturais da economia brasileira,
como a baixa produtividade e o gargalo da infraestrutura — mascarados pela alta
global das matérias-primas na última década.
Alta das
commodities impulsionou renda, emprego e assistência
Desvalorização das commodities no mercado global teve impactos sobre os lucros do Brasil com exportações, alerta Banco Mundial em novo relatório. Foto: Imprensa / GEPR |
De acordo com o
Banco Mundial, o período entre 2003 e 2013 foi marcado por uma valorização
mundial dos preços de commodities como a soja e o minério de ferro — o que
permitiu ao Brasil investir em assistência social, aumentar o nível de
emprego e os salários.
As
conquistas do país na luta contra a miséria representam quase 50% da
redução da pobreza em toda a região da América Latina e Caribe.
Dados do Banco
Mundial indicam que, de 2004 a 2013, a geração de empregos e a redução da
informalidade foram os principais responsáveis pelo declínio da pobreza — condição
de quem vive com 140 reais por mês.
No entanto, quando
considerada a queda de 62% da pobreza extrema — 70 reais mensais per
capita — para o mesmo período, o relatório destaca que esta teria sido
provocada por rendimentos não salariais, principalmente por programas de
transferência de renda como o Bolsa Família.
Apesar dos avanços,
entre 2003 e 2014, enquanto os salários mínimo e real cresceram em média 68% e
38%, respectivamente, a produtividade por trabalhador aumentou apenas 21%.
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