24 de novembro de 2015

Especialista pede suspensão da dívida para sair da crise

Maria Lúcia Fattorelli defende também a tributação das grandes fortunas - Foto: Lúcio Távora l Ag. A TARDE
Maria Lúcia Fattorelli defende também a tributação das grandes fortunas
Uma fórmula para o Brasil sair da crise econômica é suspender o pagamento da dívida pública e aprovar a tributação das grandes fortunas. Quem propõe essas medidas é a auditora aposentada da Receita Federal Maria Lúcia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, que está em Salvador para debater o tema.
Sua opinião é credenciada. Foi convidada pelo Syriza, partido grego de esquerda que venceu as últimas eleições, para compor o Comitê pela Auditoria da Dívida Grega com outros 30 especialistas internacionais. Ela já havia sido requisitada pelo presidente do Equador, Rafael Correa, a participar da auditoria que comprovou ilegalidades na dívida equatoriana que permitiu uma redução de 70% do estoque da dívida pública daquele país.
"O Brasil precisa parar  de pagar  a dívida ilegal. Por ano, quase a metade do orçamento federal vai para  o serviço da dívida. Ano passado foram R$ 938 bilhões. A previsão este ano é de R$ 1,3 trilhão. Veja a proporção em relação ao PIB de 2014 que foi de R$ 5,5 trilhões", disse. Para ela a suspensão da dívida "resolveria os problemas econômicos do país".
Defende também que a presidente Dilma Rousseff enfrente "o modelo tributário: comece a cobrar de imediato o imposto sobre grandes fortunas". Explicou que se fossem tributadas as grandes fortunas em apenas 5%, a arrecadação anual seria entre R$ 90 bilhões a 100 bilhões, o que cobriria o deficit do orçamento de 2016. "Não teria que criar mais CPMF que vai tirar mais recursos do trabalhador. Muita coisa não precisa nem de reforma constitucional, é resolvida por decreto".
Ela acha que se houvesse vontade política o governo poderia enfrentar também "a questão da mineração, não só para colocar segurança ao meio ambiente, mas exigir usinas de tratamento (dos rejeitos). Vai inclusive gerar empregos. É possível fazer tijolos a partir desses rejeitos de mineração", disse referindo-se ao desastre do rio Doce.
Lembrou que, enquanto se chora o desastre do rio Doce, "um código de mineração está prestes a ser aprovado, feito por um parlamentar financiado pelas mineradoras", o que pode piorar a situação. "Quando a gente explica o sistema da divida como um conjunto de engrenagens, um delas é o financiamento de campanhas do sistema político. Por que a Dilma não vai fazer isso, abrir uma auditoria e suspender o pagamento dos recursos e destinar para a área social? Basta entrar no site do TSE e ver os maiores financiadores da campanha dela: bancos e mineradoras. Se a gente for flagrado vendendo ou comprando voto, vamos presos, mas os políticos estão vendendo seus mandatos ".
Na noite desta segunda-feira, 23, ela participou da conferência Auditoria da Dívida Pública e Ajuste Fiscal, no Salão Nobre da Reitoria da Ufba. Nesta terça, 24, às 18h30,  estará no auditório da Faculdade de Arquitetura da Ufba, onde será realizada audiência pública De Salvador à Grécia. O Sistema da Dívida Pública, promovida pela Auditoria Cidadã da Dívida em parceria com a Câmara Municipal de Salvador, por meio do mandato do vereador Hilton Coelho (PSOL).

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